"Alguns cursos estão a produzir diretamente para o desemprego"

No Fórum da TSF antecipámos o debate sobre as principais reformas que o país precisa e além do antigo ministro escutámos outras personalidades da sociedade portuguesa. Uma ideia que reúne consenso é a necessidade de apostar na qualificação.

David Justino, o Presidente da Comissão Nacional de Educação, aplaude a prioridade dada pelo governo à qualificação, mas defende que é preciso definir prioridades claras e adequar a formação às saídas profissionais. "Há que reconhecer que alguns cursos profissionais estão a produzir diretamente para o desemprego, tal como há alguns cursos do ensino superior que estão a produzir diretamente para o desemprego", alerta David Justino.

Poiares Maduro tem reservas em relação ao Plano Nacional de Reformas que o governo socialista vai apresentar. O antigo ministro-adjunto e do desenvolvimento regional considera que as ideias que constam do plano são consensuais, mas fica preocupado com o facto de o governo "colocar toda a ênfase na questão de quanto se vai gastar e não no como".

"É muito mais importante decidirmos como é que vamos aumentar e reforçar a qualificação das pessoas, discutir como é que vamos aumentar a eficiência do Estado, discutir como é que vamos aumentar a capacidade de investimento das nossas empresas, do que simplesmente enunciar esses objetivos", defende Poiares Maduro.

Já Pedro Ferraz da Costa considera que é também preciso diversificar a formação. "Não se pense que a formação profissional tende a ser desvalorizada. Todos querem ser doutores, o que dá acesso a profissões mal pagas, mas não é verdade", afirma o presidente do Fórum para a Competitividade.

E Eugénio da Fonseca, o presidente da Cáritas Portuguesa deixa um voto: "Oxalá que seja desta vez que este Plano Nacional de Reformas (...) não defraude as expectativas dos portugueses, porque uma coisa são as boas intenções, outra coisa são as realizações concretas".