O cabeça de lista do Aliança às Europeias definiu as linhas estruturais do projeto do partido. Paulo Sande quer aproximar Portugal da Europa e tem uma mensagem para outros parceiros europeus.
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Alemanha, o Aliança tem uma mensagem a enviar: "os excedentes orçamentais excessivos são tão contrários às regras do tratado como os défices excessivos". As palavras saíram da boca de Paulo Sande, o cabeça de lista do Aliança às Europeias do próximo mês de maio.
"Alemanha, isto é contigo e, se não escutares, é bom que Portugal, o Governo, o Comissário e os eurodeputados portugueses se façam ouvir", sublinha Paulo Sande na apresentação do projeto do Aliança às Europeias.
Elogiando a coragem de Pedro Santana Lopes por "sair do conforto do seu partido de sempre para criar um novo partido", arrancou aplausos depois de dizer que tal feito, em Portugal, "equivale quase sempre a um fracasso". Isto porque profetiza que "não será assim desta vez".
Elegendo algumas causas, Paulo Sande é claro ao dizer que faz bandeira da luta contra os nacionalismos extremistas, o protecionismo e o unilateralismo. Vai mais longe: "a desigualdade e a pobreza? Inaceitáveis. O racismo? Inaceitável. O desrespeito pelas instituições, forças da ordem à cabeça? Inaceitável. Os guetos como cogumelos? Inaceitável. A imigração desenfreada, sem regras nem controlo? Inaceitável. O ódio e o medo? Inaceitáveis também".
Mas, afinal, o que quer o Aliança. Paulo Sande apresenta-se aos delegados dizendo que a primeira medida vai ser a defesa de um "sistema de mandato negociado por parte da Assembleia República". "Em assuntos de grande importância para Portugal, o Governo deverá obter por parte do Parlamento um mandato que estabeleça as linhas vermelhas e objetivos concretos, antes da deliberação no conselho de ministros da União Europeia".
Como segunda medida, Sande adianta que o Aliança propõe o "cartão vermelho". "Trata-se de garantir que um número determinado de parlamentos nacionais possa considerar uma proposta da Comissão Europeia em violação do princípio da subsidariedde, encerrando o processo legislativo em causa", explica.
Além disso, o candidato que chefiou a representação portuguesa do Parlamento Europeu diz que, "em Portugal, devemos vigiar de perto a forma como as diretivas da União Europeia são transpostas". Quer Paulo Sande acabar com a sobre-implementação das leis europeias, evitando a "nacionalização dos sucessos e a europeização dos falhanços".
Sande tem ainda em plano "a criação de um programa de formação em elementos de inteligência artificial" e o "lançamento de uma reflexão pública alargada sobre a democracia 4.0".
As críticas aos outros
Também houve tempo para farpas. "Todos dirão nesta campanha: vamos aproximar os portugueses da Europa, outros visarão o governo, esquecendo que estas são eleições europeias. Alguns dirão que a Europa é aqui, e isso eles sabem porque andam há décadas pela Europa, parece que descobriram a pólvora", afirma.
"Os candidatos já conhecidos dos partidos com assento no Parlamento Europeu são quase todos eurodeputados, alguns há vários mandatos. Não creio que acrescentem algo de novo ao que fizeram. Em Portugal, poucos os conhecem como deputados europeus, são invisíveis".
E é isso que Paulo Sande vai tentar: não ser invisível e fazer com que o Aliança eleja mais do que um eurodeputado. Num discurso de quase meia hora, Sande arrancou alguns aplausos com as ideias que vão ser apresentadas "em breve num manifesto".