Alta velocidade com luz verde: o agradecimento a Pedro Nuno e os desejos de Costa
A pouco mais de dois meses da saída de António Costa, está lançado o concurso para a alta velocidade.
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Para António Costa, o consenso político para o lançamento da Linha de Alta Velocidade entre Lisboa e Porto é um sinal de “maturidade da democracia”. O primeiro-ministro deixou ainda um agradecimento ao atual secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, pelo “grande impulso” à ferrovia e recuou aos tempos de António Guterres.
A cerimónia para o lançamento do primeiro troço da linha decorreu na manhã desta sexta-feira, depois de, na terça-feira, os partidos terem dado aval a uma resolução apresentada no Parlamento para o pontapé de saída para um projeto há muito desejado. Todos os partidos votaram a favor, à exceção do Chega, que se absteve.
“Se tem alguma coisa a dizer, é agora ou calem-se para sempre”, atirou Costa, no momento antes de carregar no botão da plataforma da Imprensa Nacional Casa da Moeda, para a aberta do concurso.
O consenso alcançado entre o Governo e a oposição é um "sinal de grande maturidade da nossa democracia”, sublinha António Costa, que deve “honrar o país” no ano em que se comemoram 50 anos do 25 de Abril.
Agora, é tempo de as empresas apresentarem candidaturas ao concurso internacional, ou seja, com concorrentes de vários países, mas António Costa admite o desejo de que as empresas portuguesas saiam vencedoras.
“Sei que é politicamente incorreto, mas já cheguei a uma fase da vida em que posso dizer coisas politicamente incorretas”, admite, levando a várias gargalhadas na plateia.
A ligação entre Lisboa e Porto, pelo TGV, será feita em pouco mais de uma hora e o primeiro-ministro lembra que, em 2030, possivelmente os voos de curta distância já terão os dias contados, como acontece em França.
“Com grande probabilidade, quando esta linha entrar em operação, já serão proibidos na União Europeia voos de curta distância como a que separa Lisboa e Porto”, recorda.
Por isso, acrescenta o primeiro-ministro, “para não ficarmos em terra mais vale avançarmos com a linha de alta velocidade”.
O agradecimento ao “grande impulsionador” da ferrovia
António Costa acumula agora as funções de primeiro-ministro com a de ministro das Infraestruturas, depois da demissão de João Galamba no âmbito da Operação Influencer. No entanto, o “sonho” de Costa com os transportes começou em 1995.
Na altura, o primeiro-ministro era António Guterres e Costa acabou como secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. O objetivo pessoal era, no entanto, assumir a secretaria de Estado dos Transportes.
“Alguém deve escrever direito por linhas tortas, muito tortas, tenho de reconhecer”, gracejou.
E, nos agradecimentos, António Costa lembrou Pedro Nuno Santos: “De facto, foi o grande impulsionador deste projeto”. Além disso, o líder socialista deu um impulso também “à visão da ferrovia”.
Palavras também para Pedro Marques e João Galamba, ministros das Infraestruturas dos governo de António Costa, que estão prestes a chegar ao fim.
O primeiro troço da Alta Velocidade liga a estação da Campanhã a Oiã, no distrito de Aveiro. O lançamento do concurso é, na opinião do Governo, “fundamental” para que Portugal possa arrecadar 729 milhões de euros de Bruxelas.