Álvaro Beleza defende referendo aberto a simpatizantes para validar acordo à esquerda
Para o dirigente socialista, o partido deveria convocar a Comissão Nacional e um referendo para decidir a formalização do acordo de governo com PCP e BE. Beleza considera que é preciso um debate "mais profundo". Presidente do governo Regional dos Açores considera indigitação de Passos "correta".
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"Para além da Comissão Política, devia haver uma Comissão Nacional e um referendo aberto a simpatizantes, tal como agora se fez em França", afirmou Álvaro Beleza à entrada para a reunião da Comissão Política.
Para o ex-membro do secretariado nacional da direção liderada por António José Seguro, a Comissão Política, que decorre esta noite na sede do Partido Socialista, não é suficiente, e os socialistas portugueses deviam seguir o exemplo do que foi feito pelo Partido Socialista francês.
"O PS francês fez uma consulta aos militantes e aos eleitores do partido sobre um acordo à esquerda para as eleições regionais", disse, referindo-se às eleições convocadas para o mês de dezembro, acrescentando que o debate sobre um acordo de governo com PCP e Bloco de Esquerda tem de ser "mais profundo, mais alargado" e em que "todo o partido participe".
Álvaro Beleza defende ainda que, caso se venha a verificar um entendimento com bloquistas e comunistas, deve estar definido que PCP e Bloco aceitam "o essencial do programa do PS".
Questionado sobre se entendeu as palavras de Cavaco Silva - que disse que "é aos deputados que compete decidir" - como um apelo direto à rebelião dos deputados socialistas no parlamento, o dirigente do PS afirmou: "Os deputados são responsáveis e conscientes. O PS é sempre parte da solução e não do problema. Quanto às opiniões que temos, somos homens livres. O PS não tem rebeliões".
Já o presidente do governo regional dos Açores, Vasco Cordeiro, considera que a indigitação de Passos Coelho foi "correta", sublinhando que "quem deve ser convidado para formar governo foi quem venceu as eleições e foi isso que o presidente da República fez hoje".
Vasco Cordeiro critica, no entanto, o caminho feito pela coligação PSD/CDS-PP: "Quem não tinha a apoio maioritário no parlamento tinha a obrigação de se ter mexido - e não o fez, como deveria ter feito".
António Galamba, dirigente socialista e um dos críticos da estratégia seguida por António Costa, reforçou que "quem ganha eleições deve governar".
À entrada da reunião, o secretário-geral do PS, António Costa, não quis falar aos jornalistas, remetendo declarações para o fim da Comissão Política.