Ana Gomes concorda que Seguro sofre "bullying" e aponta "conflitos de interesses" a António Vitorino
À TSF, a antiga eurodeputada acusa Vitorino de conciliar "cargos públicos, designadamente na União Europeia e na dimensão internacional das migrações, com cargos privados"
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A antiga candidata à Presidência da República e ex-dirigente do PS Ana Gomes concorda com João Soares relativamente ao "bullying político" que "alguns elementos do PS" estão a fazer a António José Seguro e aponta "conflitos de interesses" a António Vitorino.
"Eu ainda estou a avaliar. Não vejo que se possa dizer que o PS está numa posição de bullying a quem quer que seja. Agora, que alguns elementos do PS estão nessa posição de bullying em relação a António José Seguro, disso não há dúvida. Esse é um bullying assumido. Quando se diz, de uma forma acintosa, que ele não cumpre os mínimos elementares...", disse Ana Gomes à TSF.
A antiga eurodeputada socialista não sabe se o partido já se virou para António Vitorino, mas aponta o dedo ao antigo ministro, comissário Europeu e diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações.
"Não me parece que, sem que os candidatos ou candidatas tenham declarado que estão na corrida, se justifique que o PS dá apoio a quem quer que seja. E, no caso concreto em relação ao dr. António Vitorino, quer dizer eu disse aquilo que é óbvio, porque o dr. António Vitorino, sendo uma pessoa muito inteligente e que se explica muito bem, foi conciliando cargos públicos, designadamente na União Europeia e na dimensão internacional das migrações, com cargos, digamos, privados, em empresas privadas, em manifestos caso até de conflitos de interesses com os interesses públicos", acusa.
Ana Gomes considera que se está a precipitar a discussão sobre as presidenciais: "Eu acho que é muito cedo, até porque temos eleições autárquicas antes que são muito importantes para os portugueses, ao nível da relação da proximidade com os seus representantes ao nível municipal, e acho que há aqui uma certa artificialidade na aceleração do calendário e das discussões sobre as presidenciais, que serve, obviamente, o propósito de desviar as atenções daquilo que nós devíamos estar a discutir. Não são relacionados tanto com a preparação das autárquicas, mas também relacionado com a avaliação da atual governação da AD. Sem dúvida que falar-se tanto das presidenciais tem um objetivo que é desviar o foco, desviar as atenções dos casos e ‘casões’ e das falhas do governo da AD relativamente às promessas que foram feitas aos portugueses na última campanha eleitoral para as legislativas."
A também antiga embaixadora voltou atrás no tempo para criticar o PS quando, há seis anos, preferiu apoiar a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.
"A experiência que tenho é a experiência do PS a apoiar claramente um Presidente da direita, Marcelo Rebelo de Sousa. Uma experiência bastante ingrata e bastante incoerente com o que devia ser o papel do Partido Socialista. E estou-me a referir ao PS no seu conjunto, não estou também a menorizar a importância que teve a atuação de vários socialistas que me apoiaram, a começar por Pedro Nuno Santos. Mas o partido como tal, na prática, esteve por trás da candidatura do professor Marcelo Rebelo de Sousa, que, aliás, lhe pagou, como se espera que o Professor Marcelo Rebelo de Sousa pague, como um bom escorpião", disse, entre risos.
