Ângelo Correia critica ideia lançada por Nuno Melo: "Faz lembrar o tempo das galeras"
O antigo ministro da Administração Interna do PSD e especialista em assuntos de segurança considera que é "errado" que "criminosos" façam parte das Forças Armadas.
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Ângelo Correia considera que são "surpreendentes e estranhas" as declarações do ministro da Defesa, que admitiu a possibilidade de o serviço militar obrigatório poder servir de pena alternativa para jovens que cometam pequenos delitos, opção também defendida pela ministra da Administração Interna, Margarida Blasco.
Em declarações à TSF, o antigo ministro da Administração Interna do Governo de Pinto Balsemão considera que "dizer que pessoas com delitos, ou crimes, menos perigosos, menos, graves, poderiam fazer a reparação desses mesmos crimes no serviço militar, faz lembrar os tempos das galeras, o tempo em que se tiravam pessoas das prisões, para cumprir o serviço militar".
"Nessa altura, o conceito não era de nobreza, era um conceito de obrigação. O sentido moderno de defesa não é esse. Cumprir um serviço nas Forças Armadas, não é para delituosos, é para todos, é das funções mais nobres de um país. E colocar nessa função, porque se fez um crime, é uma visão punitiva [do serviço militar]", afirma.
Apesar de considerar que os delinquentes seriam absorvidos pelo espírito de grupo das Forças Armadas, o que levaria a que se reabilitassem, Ângelo Correia sublinha que a instituição militar não é para "criminosos".
"O problema é enunciar-se, ainda por cima, por membros do Governo, a ideia de que a expiação da culpa é feita nas Forças Armadas. Ou seja, é colocar as Forças Armadas como uma instituição onde se albergam criminosos, que é uma ideia perigosa, errada, e completamente fora do contexto constitucional", acrescenta o antigo Ministro da Administração Interna.
