Secretário-geral do PS defendeu, na comissão política socialista, a posição do Governo no braço-de-ferro com os enfermeiros. Na reunião houve críticas à dificuldade do Executivo em "fazer acordos" com sindicatos.
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Numa comissão política em que o tema forte foi a preparação das eleições europeias - e a construção da lista que o PS leva às eleições de maio -, António Costa admitiu, esta quinta-feira, que há, por estes dias, alguma "agitação social" na sociedade portuguesa - com contestação por parte de setores como os professores, os enfermeiros ou os funcionários públicos.
Mas, o líder do PS afirmou, perante os dirigentes socialistas, que, apesar dos três atos eleitorais que se avizinham este ano, o ambiente político e social não é desfavorável e que o ano de 2019 deve ser encarado com tranquilidade.
Na reunião - que decorreu, como sempre, à porta fechada -, o tema da greve dos enfermeiros não dominou a discussão, mas também não foi contornado, com o primeiro-ministro e secretário-geral do PS a defender a posição do Governo e a sublinhar, uma vez mais, que, apesar do impacto da greve nos hospitais e para os portugueses, o Executivo não pode ir mais além no acolhimento de reivindicações salariais - num momento em que os sindicatos dos enfermeiros pretendem um início de carreira com um salário a rondar os 1600 euros.
Durante a reunião, contam fontes ouvidas pela TSF, o líder socialista não poupou nas críticas à forma como como negoceiam e protestam algumas estruturas sindicais, com António Costa a afirmar mesmo, perante os dirigentes do PS, que há "irresponsabilidade" por parte de "alguns" sindicatos.
Uma posição saudada pela maioria dos dirigentes presentes na reunião, mas que não colhe, no entanto, unanimidade dentro do órgão de direção alargada do PS.
Um dos exemplos é José Abraão, dirigente da Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP) e membro da comissão política do PS, que, durante a reunião, foi uma das vozes a sair em defesa dos sindicatos - em particular dos sindicatos da administração pública -, e a confrontar o líder socialista com os ziguezagues do Governo em matéria de aumentos salariais e com a "falta de disponibilidade" do Executivo para, ao longo de mais de três anos, "chegar a acordos" com os trabalhadores.
"O ano vai ser quente", avisou o sindicalista, depois de ouvir o secretário-geral do PS, António Costa, dizer que o ano político deve ser encarado com tranquilidade.