António Costa: "Não tive noção de que o caso [Banif] tinha sido empurrado sem decisão"
Em entrevista ao Jornal de Notícias, o primeiro-ministro diz que o caso Banif foi uma das "surpresas desagradáveis" que o anterior Governo escondia e que se revelou ainda mais desagradável depois da tomada de posse.
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António Costa considera que, apesar da mensagem de tranquilidade transmitida em outubro pela anterior ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, no espaço de um mês ficou claro que, no Banif havia afinal motivos para preocupação.
Nesta entrevista ao Jornal de Notícias, o primeiro-ministro diz que as informações sobre a real dimensão do problema não foram dadas de forma atempada pelo PSD - só depois de chegar ao Governo é que teve uma real noção de que "o caso tinha sido empurrado sem qualquer decisão". Um caso, sublinha, consecutivamente adiado pelo anterior executivo.
António Costa admite que a venda do Banif foi feita em contrarrelógio e lembra que, antes de esgotado o prazo dado pela Comissão Europeia ao anterior Governo, houve outras possibilidades para resolver os problemas da instituição.
Sobre a decisão de venda do banco, o primeiro-ministro diz ainda que, se tivesse sido tomada há três anos pelo anterior executivo, "teria tido menos custos e outras condições", admitindo que o atual negócio envolveu "custos pesados que resultaram de adiamentos sucessivos".
Nesta entrevista, António Costa lança ainda críticas à forma como FMI, Comissão Europeia e o Banco Central Europeu lidaram com o caso do sistema financeiro português. Um sistema no qual insiste que é preciso mudar as regras de supervisão do Banco de Portugal.
Na entrevista ao Jornal de Noticias o primeiro-ministro fala ainda do caso do Novo Banco, sem revelar se a instituição é ou não para manter na esfera pública.
Ainda sobre a banca, António Costa salientou que, resolvidos os casos do Banif e do Novo Banco, o executivo deve concentrar esforços em torno da Caixa Geral de Depósitos. Quanto ao Montepio, o primeiro-ministro diz que, se houvesse algum problema, o Governo já teria sido sinalizado pelo Banco de Portugal. Algo que Costa garante que, até ao momento, ainda não aconteceu.