António Filipe acusa ministra de não ter soluções e defende reforço de cuidados continuados

Miguel A. Lopes/Lusa
"Infelizmente, começámos por ouvir, no atual Governo, falar de um plano de 60 dias que ia resolver os problemas do Serviço Nacional de Saúde. Já passaram muitos 60 dias", critica o comunista
O candidato presidencial António Filipe acusou esta terça-feira a ministra da Saúde de fazer promessas "mas depois não aparecem soluções para nada", e defendeu um reforço dos cuidados continuados para fazer face aos internamentos sociais.
"Nós, infelizmente, começámos por ouvir, no atual Governo, falar de um plano de 60 dias que ia resolver os problemas do Serviço Nacional de Saúde. Já passaram muitos 60 dias. E a verdade é que a senhora ministra da Saúde, também, nas suas palavras, tem sempre soluções para tudo, mas depois nós vemos que não aparecem soluções para nada", acusou António Filipe.
O candidato a Belém apoiado pelo PCP falava aos jornalistas à margem de uma ação de pré-campanha para as eleições presidenciais de 18 de janeiro na qual visitou o quartel dos bombeiros voluntários de Algueirão Mem-Martins, concelho de Sintra, em Lisboa.
Enaltecendo o papel dos bombeiros também no apoio à emergência médica, António Filipe foi questionado sobre as declarações da ministra da Saúde, que na segunda-feira estimou que existam mais de 1.200 de casos sociais nos hospitais, de pessoas com alta clínica, mas sem resposta noutros locais, prometendo uma solução para os próximos dias.
"O problema dos internamentos sociais é um problema grave, que os hospitais recorrentemente referem, e a única forma de resolver isso é haver unidades de cuidados continuados", defendeu António Filipe.
O antigo deputado do PCP salientou que o país tem "uma carência muito grave" de unidades deste tipo e apontou que os internamentos sociais "estão a ocupar espaço nos hospitais que são necessários para outro tipo de situações".
"Um dos problemas do Serviço Nacional de Saúde é a falta de meios próprios que fazem com que, por vezes, o Estado ou não tenha solução e, portanto, essas pessoas continuem a ocupar vagas em camas hospitalares que deveriam ter outro tipo de utilização. E depois, por vezes, o Estado, não tendo os seus meios próprios, acaba por estar a financiar o negócio da doença de privados", criticou.
Na opinião de António Filipe, uma das prioridades para o Serviço Nacional de Saúde é "a existência de camas de cuidados continuados que, de facto, não existem e criam um problema complexo nos hospitais do SNS".
Nesta visita ao quartel dos bombeiros voluntários de Algueirão Mem-Martins, que conta com 90 profissionais e serve esta freguesia e ainda metade da freguesia de Rio de Mouro, António Filipe salientou que o país não se deve lembrar dos bombeiros apenas no verão e no período de combate aos incêndios florestais.
O candidato presidencial defendeu que os bombeiros devem ter o estatuto profissional há muito reivindicado e o estatuto do bombeiro voluntário deve ser melhorado.
"Creio que esse estatuto está muito desatualizado e nós precisamos de captar jovens para querer ser bombeiros", considerou.
António Filipe foi ainda questionado sobre se considera que o eleitorado de esquerda está a ceder aos apelos ao voto útil de António José Seguro, apoiado pelo PS, que de acordo com uma sondagem da Pitagórica para TSF, JN, TVI e CNN Portugal surge com um resultado reforçado.
O candidato insistiu que se se preocupasse com sondagens "estava desgraçado" e manifestou-se convicto de que os eleitores "pensam pela sua cabeça" e são "donos" dos seus votos no dia 18.
"Todos os candidatos, naturalmente, farão o apelo para que votem em si, procurarão encontrar os argumentos mais ou menos esfarrapados para poder convencer os eleitores. Eu acho que cada candidatura tem de valer por si. Nunca me passou pela cabeça fazer apelos a desistências de outras candidaturas, porque acho que mal vai uma candidatura que acha que só lá vai se os outros desistirem", criticou.
Já sobre a promulgação do Orçamento do Estado para 2026, o candidato criticou o documento, mas salientou que a ideia de o vetar seria "algo relativamente fútil" uma vez que iria apenas adiar a sua entrada em vigor.
