O socialista estranha que o poder não tenha sido sinónimo de maior militância. Por cada dia de liderança de Costa, diz, "há 14 militantes que deixam de estar em condições de participar".
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"Com o facto de o PS estar a deixar completamente a descoberto o eleitorado do centro, com o facto de estar a tomar algumas opções sem garantir a sustentabilidade, naturalmente que isso faz com que o partido não esteja unido", afirma António Galamba.
Em dia de arranque do primeiro de três dias de congresso, a TSF ouviu o atual membro da Comissão Política e ex-membro da direção de António José Seguro.
António Galamba, um dos principais rostos da oposição a António Costa e à linha seguida pelo partido, considera que, apesar de não existir ninguém que ameace a liderança do atual secretário-geral, tal não significa que não haja oposição interna e vozes dissonantes.
"Há pessoas que pensam de forma diferente e que não o dizem, provavelmente até por medo. E a prova de que o partido não está unido é que, desde o último congresso, houve menos 8700 militantes em condições de votar, porque não têm as quotas em dia. Por cada dia de António Costa na liderança do PS, há 14 militantes que deixam de estar em condições de participar", sublinha.
Nesse sentido, o socialista estranha que, mesmo no poder, o partido não tenha estabilizado ou feito crescer o número de militantes.
"Por regras, o poder funciona como elemento agregador, não como elemento de alienação ou de desistência das pessoas que, por norma, participam na vida política do PS", acrescenta.
Olhando para os primeiros seis meses de governação, António Galamba, admite que houve alguns "pontos positivos", em particular no que diz respeito às "reversões que foram concretizadas para dar mais dinheiro às pessoas".
Em declarações à TSF, o socialista defende, no entanto, que os atuais indicadores económicos e sociais são preocupantes: "São opções sem qualquer sustentabilidade de futuro. Apesar de algum rendimento devolvido a economia não mexe".
Em relação aos desafios eleitorais futuros, António Galamba considera que os objetivos fundamentais passam por alcançar uma maioria absoluta nas eleições regionais nos Açores e manter o número de câmaras municipais nas próximas autárquicas, em 2017.
António Galamba diz ainda que, depois do caminho feito com a atual solução de Governo, o PS abriu a porta ao fim do voto útil e a uma maior fragilização do voto no partido.
"A partir de agora deixa de fazer sentido apelar ao voto útil, porque qualquer que seja o sentido de voto, provavelmente será encontrada uma solução. Isso fragiliza definitivamente o voto no PS", conclui.