Apoios a Gouveia e Melo motivam "reflexão sobre futuro", mas o foco está em eleger "Governo com credibilidade"
O almirante sublinha que um dos problemas da democracia é o "alheamento que a população vai tendo de forma gradual das próprias eleições" e isso leva a que "comece a ser pouco representativa"
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O almirante Henrique Gouveia e Melo voltou este sábado a adiar para depois das eleições legislativas uma tomada de posição quanto à sua possível candidatura à Presidência da República. Afirma que o "importante" agora é que o país possa "retornar a um Governo que tenha capacidade de governar com credibilidade e que resolva os problemas urgentes do dia a dia".
Em declarações aos jornalistas, à margem da primeira iniciativa da recém constituída associação Honrar Portugal, que decorreu em Arouca, no distrito de Aveiro, Gouveia e Melo assegura que não quer "confundir agendas" e prefere esperar que o processo de eleições antecipadas se "desenrole". Ressalva, contudo, que "não controla" as pessoas que manifestam ou não apoio à sua eventual candidatura.
Não quero é que organizações me apoiem, quero que sejam as pessoas a apoiar-me e, quando isso acontece, fico naturalmente contente", confessa.
Admite, por isso, sentir uma "grande responsabilidade" perante o apoio que tem recebido e diz que isso o faz "refletir sobre qual será o futuro". Mas, quando questionado sobre se já tomou uma decisão quanto à corrida a Belém, explica que não responde a essa pergunta, não porque seja um tema "tabu", mas porque não quer contribuir para um "ruído desnecessário" numa altura em que o país vai ser chamado às urnas para escolher um novo Executivo.
"Depois das eleições [legislativas] assumirei a posição que acho que deverei assumir e serei mais claro do que agora", assegura.
O almirante nota, contudo, que um dos problemas da democracia é o "alheamento que a população vai tendo de forma gradual das próprias eleições" e reforça que os votos para as legislativas "são importantes" e o país deve estar "concentrado" num processo "urgente" para a governabilidade.
"É importante para todos os portugueses retornarmos a um Governo que tenha capacidade de governar com credibilidade e que resolva os problemas urgentes do dia a dia", defende.
Todos os votos são, por isso, "importantes" e Henrique Gouveia e Melo sublinha que os "portugueses têm todos o mesmo valor", pelo que todas as "opiniões são válidas". Ninguém, diz, deve ficar excluído desse "princípio", porque isso seria ficar excluído da própria democracia. Considera que a abstenção deve ser evitada, até porque isso significa que a democracia "começa a ser pouco representativa" e é sinónimo de "descontentamento no processo democrático".
"A abstenção significa que há um conjunto elevados de portugueses que não acha útil ir manifestar a sua opinião e isso mostra alheamento e desinteresse e isso é preocupante. Como também é preocupante quando as soluções mais extremas do espetro político ganham um peso muito grande. Tudo isso preocupa qualquer pessoa que goste da democracia e da democracia liberal", esclarece.
Sobre os ataques de Marques Mendes, candidato anunciado à Presidência, que afirmou que Gouveia e Melo fala com arrogância, o almirante responde apenas que "não comenta nem palavras nem ataques de outras pessoas".
"Esse ataque fica a quem faz o ataque", declara.