Arrancam jornadas parlamentares do PSD. Apelo do Chega para protestos dos polícias na AR "é próprio de partidos populistas"
Na antena da TSF, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, dá como exemplo positivo o que o Governo fez no setor da saúde, bem como nas negociações com algumas classes profissionais
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O líder parlamentar do PSD considerou, esta segunda-feira, que o apelo de André Ventura para que os polícias se manifestem na quinta-feira na Assembleia da República é uma proposta própria dos partidos populistas. Na quinta-feira é votada, no Parlamento, a proposta do Chega para o subsídio de risco para as forças de segurança. Questionado na Manhã TSF sobre o apelo de André Ventura, Hugo Soares lembrou que este é um problema herdado do anterior Governo e não fica espantado com o apelo do Chega.
"Durante muito tempo fui dizendo que o Bloco de Esquerda, Partido Comunista Português ou Chega eram partidos muito iguais e, de facto, esta prática de convocar para a manifestação é muito própria dos partidos populistas. O Governo tem feito ou fez um esforço tremendo para que possa corrigir uma injustiça, uma iniquidade criada pelo anterior Governo socialista, que é conhecida, que tem a ver com o facto do Governo do Partido Socialista ter aumentado de forma muito significativa o subsídio de risco da Polícia Judiciária e não ter feito o mesmo à GNR e PSP", explicou à TSF Hugo Soares.
O PSD realiza esta segunda e terça-feira, em Sintra, jornadas parlamentares dedicadas ao estado da nação, com o lema "Portugal no bom caminho", que serão encerradas pelo presidente do partido, Luís Montenegro. À TSF, Hugo Soares afirmou que se trata de um lema suportado em alguns progressos.
"O país atravessa um momento em que muitos dos problemas que foram criados ao longo dos últimos oito anos estão sinalizados e alguns deles começam já a ser resolvidos. Na saúde, nós estávamos a atravessar uma fase em que o Serviço Nacional de Saúde estava, de facto, maltratado, onde muitos portugueses estavam sem médico de família, muitas cirurgias em atraso e uma perceção de desconfiança relativamente ao Serviço Nacional de Saúde. Hoje, o Governo de Portugal tem procurado corrigir esses problemas, apresentou um plano de emergência que está agora a ser implementado e está já a recuperar os tempos de espera, designadamente nas cirurgias oncológicas", assegurou.
O debate do estado da nação, que fecha o ano parlamentar do ponto de vista político, está marcado para 17 de julho.
Nas primeiras jornadas parlamentares dos sociais-democratas desde que o Governo PSD/CDS-PP tomou posse, em 02 de abril, não há nenhum membro do executivo entre os oradores, à exceção do primeiro-ministro, Luís Montenegro.
Antes da abertura formal das jornadas, marcada para as 15h00, pelo líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, os deputados vão dividir-se na segunda-feira de manhã em cinco grupos que visitarão o Centro de Bem-Estar Social de Queluz, a Associação Empresarial de Sintra, uma empresa exploradora de pedra mármore, o Centro de Educação para o Cidadão Deficiente e a Escola da Guarda, o estabelecimento de ensino da GNR, em Queluz.
Depois da abertura, o primeiro painel das jornadas será dedicado ao tema "Cuidar e Respeitar" e terá como oradores Eurico Castro Alves, médico e coordenador do Plano de Emergência da Saúde que o Governo aprovou no final de maio, e Isabel Jonet, presidente e fundadora do Banco Alimentar.
O professor universitário e comentador televisivo Nuno Rogeiro será o orador do segundo painel, sob o tema "Portugal na Europa e no Mundo".
O jantar do primeiro dia, que coincide com a hora do jogo dos oitavos de final do campeonato europeu de futebol de Portugal contra a Eslovénia, não terá orador convidado, ao contrário do que tem sido habitual.
Na terça-feira, a discussão será sobre "Desafios e Oportunidades da Política à Economia", com a jornalista Mafalda Anjos e o antigo secretário de Estado do Empreendedorismo Carlos Oliveira como oradores.
A sessão de encerramento está marcada para as 12h00, com nova intervenção de Hugo Soares e o discurso de Luís Montenegro.
As últimas jornadas parlamentares do PSD realizaram-se em 16 e 17 de outubro do ano passado, centradas no Orçamento do Estado, e tiveram entre os oradores o anterior presidente do Conselho Económico e Social, o socialista Francisco Assis, e o antigo ministro Mira Amaral.
Nessa ocasião, era António Costa primeiro-ministro, cargo do qual se viria a demitir menos de um mês depois, em 07 de novembro, após a Procuradoria-Geral da República ter emitido um comunicado em que o referia como estando a ser alvo de investigações no âmbito da denominada Operação Influencer -- um processo judicial que investiga o processo de instalação de um 'Data Center' em Sines, bem como negócios com o lítio e hidrogénio.
Nessas jornadas parlamentares, o PSD anunciou o voto contra o Orçamento do Estado para 2024 - documento que ainda está a executar, uma vez que não houve qualquer Retificativo - e Luís Montenegro, então líder da oposição, acusou o Governo de maioria absoluta do PS de alcançar contas certas "à custa do sofrimento das famílias e empresas" e do crescimento da economia.
"Creio que Portugal precisa de alguém, e neste caso do principal partido da oposição que diga que, se o rei não vai nu, vai pelo menos seminu, afirmou Luís Montenegro, no encerramento dessas jornadas.
O líder do PSD admitiu então que é melhor ter estas contas certas "do que uma situação de desequilíbrio ou pré-falência" que considerou ser habitual nos executivos socialistas.
"Mas ter contas certas à custa do sofrimento das famílias, das empresas e à custa do crescimento da economia... Ter contas certas com esta estratégia não é futuro para Portugal, isto não se aguenta para sempre", alertou.
