Arruada do Chega: Soraia "trabalha e sempre descontou". "Cigana com todo o orgulho" lamenta que Ventura "incentive ao ódio"
"Sou cigana com todo o orgulho do mundo. Trabalho desde os 16 anos, casei cedo porque eu quis casar, e para mim é um orgulho poder dizer 'eu sou cigana e trabalho e vou continuar a trabalhar, os meus filhos vão estudar e vão trabalhar'", sublinha Soraia, em declarações à TSF
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A caravana do Chega passou esta tarde por Vila Real de Santo António, no Algarve, para uma breve, mas ruidosa arruada, onde voltaram os protestos da comunidade cigana. Desta vez, é Soraia, "cigana com todo o orgulho", que partilha o seu testemunho, lamentando que André Ventura procure "incentivar ao ódio".
"Eu saí agora do meu trabalho. Está aqui a minha blusa a dizer 'staff'. Eu sou cigana, estão aqui os meus dois patrões, trabalho e sempre descontei", sublinha à TSF, junto da arruada do partido de extrema-direita.
Aproveita ainda para desconstruir o discurso do líder do partido: Soraia "sempre" descontou e o seu marido também, desde os 16 anos, contrariando assim a premissa de que os "ciganos não trabalham e não descontam".
A jovem, que conta que trabalha num restaurante de sushi e que o marido é chefe num restaurante de hambúrgueres, defende que não vale tudo na caça ao voto e lamenta que o presidente do Chega procure "incentivar ao ódio".
"Sou cigana com todo o orgulho do mundo. Trabalho desde os 16 anos, casei cedo porque eu quis casar, e para mim é um orgulho poder dizer 'eu sou cigana e trabalho e vou continuar a trabalhar, os meus filhos vão estudar e vão trabalhar'", reforça.
Soraia sublinha que "a vida está difícil" e que cada um "faz por si" aquilo que pode.
O líder do Chega não ouviu, mas há algo que a jovem gostava de lhe ter dito: "Se o senhor André Ventura cair e se aleijar e eu cair e me aleijar, os dois temos sangue. Não é por ser cigana que o meu sangue vai dizer 'cigana'."