As farpas para Ana Jorge, o silêncio de Montenegro. Novo provedor da Santa Casa toma posse
Paulo Alexandre Sousa tomou posse numa cerimónia curta. Sucede a Ana Jorge
Corpo do artigo
A cerimónia durou menos de um quarto de hora, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, assinou o auto de posse, mas deixou as palavras para outros protagonistas. O novo provedor da Santa Casa da Misericórdia, Paulo Alexandre Sousa, garante que está ciente dos graves desafios. A ministra Maria do Rosário Palma Ramalho fala num novo ciclo para a “transparência” da instituição e deixou várias farpas à anterior provedora, Ana Jorge.
Os discursos foram curtos, o do novo provedor não ultrapassou os dois minutos, e o da ministra Maria do Rosário Palma Ramalho não chegou aos cinco. A cerimónia decorreu na sala de extrações, onde habitualmente decorre o sorteio da lotaria de Natal, num aparente apelo à sorte para os desafios futuros.
A ministra do Trabalho e da Segurança Social começou por traçar o perfil do novo provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que tem uma “vasta e reconhecida experiência com provas dadas na área social”, como a vice-presidência da Cruz Vermelha Portuguesa.
“O Governo entendeu e entende que este é o melhor perfil para enfrentar os sérios desafios que a Santa Casa tem pela frente”, atirou.
Palavras escutadas pela provedora exonerada, Ana Jorge, que assistiu à posse na primeira fila. E ouviu novas farpas pela voz da ministra, com quem tem trocado galhardetes nas últimas semanas, em vários elogios ao sucessor.
“Esta será uma liderança que compreende a importância da gestão transparente e criteriosa para proteger a instituição e a sua missão”, acrescentou.
O “grande desafio” para o futuro será a garantia de que a Santa Casa “continua a dar a melhor resposta assistencial, sobretudo aos mais desprotegidos e desfavorecidos”, de acordo com a ministra. Um desafio de que Paulo Alexandre Sousa garante estar ciente, apesar das dificuldades financeiras da instituição.
“Estando ciente dos graves desafios que a instituição enfrenta hoje, irei defrontá-los honrando sempre o seu legado histórico e propósito inicial”, assumiu.
O novo provedor diz-se ainda “orgulhoso” pelo convite do Governo, para liderar uma “instituição de inestimável utilidade pública”, prometendo “dedicação” para retribuir o trabalho dos quadros que compõem a Santa Casa.
Paulo Alexandre Sousa sucede a Ana Jorge, que estava há um ano como provedora. Assistiu à tomada de posse na primeira fila, não discursou, mas falou com os jornalistas no final da cerimónia. Desafiada a deixar um conselho ao sucessor, foi parca nas palavras.
“Ele sendo um bom gestor, há-de encontrar uma solução para o que a ministra lhe encarregou”, disse, no que pareceu uma resposta aos elogios do Governo ao perfil do novo provedor.
Ana Jorge foi exonerada do cargo a 29 de abril, mostrando “surpresa” pela decisão do novo Executivo. Entretanto, a ministra acusou a anterior direção de “má gestão” no último ano em funções.