Assis diz que Seguro é "o candidato da esquerda democrática", apoia decisão de Santos Silva e o resto "é irrelevante"
Em declarações à TSF, o eurodeputado socialista concorda com a análise de Augusto Santos Silva: "Lucidamente optou pela solução mais razoável"
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O eurodeputado socialista Francisco Assis considera que a decisão de Augusto Santos Silva de não concorrer às eleições presidenciais do próximo ano dá mais força à candidatura de António José Seguro e considera irrelevante uma eventual entrada na corrida a Belém de António Sampaio da Nóvoa.
"Em primeiro lugar, quero respeitar a decisão do professor Augusto Santos Silva de não se apresentar como candidato a Presidente da República. Merece-me toda a consideração essa sua decisão, que não me surpreende de forma alguma, que não põe em causa as suas qualidades políticas e intelectuais", disse o eurodeputado do PS à TSF.
Francisco Assis concorda com a análise de Santos Silva: "Sempre me pareceu que, nas presentes circunstâncias, não dispunha dos apoios necessários para poder avançar com uma candidatura presidencial e terá certamente chegado à mesma conclusão e lucidamente optou pela solução mais razoável que foi justamente de não se apresentar como candidato a Presidente da República, o que me parece absolutamente respeitável."
Assim sendo, para o socialista, está encontrado o candidato da "esquerda democrática" às presidenciais e esse candidato é António José Seguro.
"Nós temos um candidato muito forte da área do Partido Socialista, que já foi secretário-geral do Partido Socialista, que é um candidato independente. Extravasa e muito até as fronteiras do Partido Socialista e muito francamente penso que é cada vez mais evidente, e só alguns obstinados é que se recusam a perceber isso, que ele vai ser o candidato da esquerda democrática e vai ser o candidato apoiado pelo Partido Socialista. O resto, eu na declaração do Augusto Santos Silva diria que o relevante é a circunstância de ele dizer que não é candidato. Tudo mais é absolutamente irrelevante", considera.
António Santos Silva apontou que há espaço para uma candidatura independente e agregadora, podendo ser o caso de uma eventual entrada na corrida de António Sampaio da Nóvoa, que, em 2016, recolheu quase 23% dos votos, perdendo apenas para Marcelo Rebelo de Sousa. Na altura, o antigo reitor da Universidade de Lisboa assumiu-se como independente, mas contou com o apoio de vários membros do PS, como Ana Gomes, António Correia de Campos, Pedro Delgado Alves ou Isabel Moreira.
Também isso, para Francisco Assis, não tem importância: "É uma questão que não me preocupa minimamente. É irrelevante neste momento. Isso para mim já é um dado irrelevante. O candidato da esquerda democrática está encontrado, chama-se António Seguro. Ponto final."
Augusto Santos Silva não é candidato à Presidência da República, anuncia o próprio esta quarta-feira. Apesar de ter recebido "muitos incentivos", o antigo presidente da Assembleia da República acredita que a sua eventual candidatura "não seria suficientemente abrangente para ser suficientemente forte". E vai mais longe: "Seria divisiva."
Numa deixa — que tira o tapete a António José Seguro —, Santos Silva considera que há ainda espaço para que uma "personalidade independente" entre na corrida a Belém e apresente uma candidatura "agregadora" de forma a chegar a quem ainda não se sente representado, refere igualmente em entrevista à RTP. Questionado sobre se essa "personalidade" poderá ser António Sampaio da Nóvoa, o também antigo ministro socialista não concretiza.
Contudo, mesmo já tendo arrasado anteriormente, em entrevista à RTP2, as "banalidades" de Seguro, Santos Silva não exclui apoiá-lo numa possível segunda volta presidencial