Associação dos Oficiais das Forças Armadas desafia Marcelo a tomar posição que "defenda" militares
António Mota diz à TSF que o problema tem de ficar resolvido logo após as eleições legislativas de 10 de março.
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O presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas desafia o Presidente da República a tomar uma posição pública que "defenda" os militares.
"É isso que esperamos a presente da República, sabemos o que ele pensa, que tenha um dia destes - o quanto antes - uma tomada de posição pública que refira explicitamente os militares e defenda, enfim, os militares de forma muito convicta, que não deixe dúvidas nenhumas ao poder político. Aliás, o senhor Presidente da República, e muito bem, já tomou duas ou três iniciativas públicas, pronunciando-se a favor da justiça das reivindicações das forças de segurança", diz à TSF António Mota, argumentando que os militares das forças armadas estão a ser discriminados em relação aos profissionais das forças de segurança.
O líder da Associação dos Oficiais das Forças Armadas deixa também um repto ao próximo governo: "Que ninguém tenha a veleidade de pensar, pelo facto de os militares não estarem a exercer ações mediáticas, pode considerar que estamos perfeitamente, digamos, tomate. Porque não estamos. A partir do momento em que houver novos responsáveis políticos ou resolvem imediatamente a questão também das forças armadas, ou então nós somos obrigados - e quando digo obrigados é mesmo obrigados, porque os militares nas unidades nos estão a pressionar para isso - que tomemos medidas públicas, mediáticas, e nós não queremos, nunca quisemos, fazer isso ou não queremos fazer isso, porque não é bonito. Garanto que não é bonito. Quando viram os militares eventualmente na rua, numa manifestação - dentro da legalidade, como é óbvio -, mas estão ali os militares das forças armadas."
Para António Mota, estes problemas têm de estar resolvidos imediatamente após a formação de um novo governo.
"Este ano, as coisas têm que estar devidamente salvaguardadas e resolvidas, mas com medidas concretas. E este ano, não é de estarmos à espera de novembro ou dezembro que venha uma medida para nós depois contestarmos a dizer que isto não é nada e que a montanha pariu um rato. Não, é imediatamente a seguir às eleições começar um diálogo imediato com a associação de oficiais no sentido de resolver as questões este ano, porque, já neste momento, o diferencial para as forças e serviços de segurança é colossal, é enorme. É na ordem das centenas e centenas de euros por mês, quer seja nos oficiais, nos sargentos ou nos praças", disse o presidente da Associação dos Oficiais das Forças Armadas.
Para a ministra da Defesa, Helena Carreiras, está fora de questão existirem protestos de militares na rua, possibilidade admitida esta sexta-feira pela Associação Nacional de Sargentos.
“Esta ideia de ter militares a manifestar-se não é aceitável num Estado de direito democrático. Quem nos defende não pode ser fonte de insegurança e de desestabilização”, defende Helena Carreiras em declarações à TSF. “As Forças Formadas respeitam e protegem a Constituição, não militam contra ela.”