Atrasos em projetos: entre "dar corda aos sapatos" e o "vagar", AD em Évora com queixas sobre herança socialista
PSD e CDS reunidos em Jornadas Parlamentares em Évora acusam o anterior Governo e a autarquia da CDU de atrasar projetos como o Hospital Central do Alentejo e Évora — Capital da Cultura 2027
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Ainda antes do arranque oficial das Jornadas Parlamentares do PSD e do CDS, em Évora, duas visitas deram o mote para as críticas à herança recebida do Governo socialista. Nos terrenos onde está a ser construído o novo Hospital Central do Alentejo, Hugo Soares ouviu Margarida Silveira, responsável pela obra, fazer uma extensa cronologia de atrasos e contas mal feitas para culminar no aviso sobre a conclusão do projeto: “Se forem tomadas decisões rapidamente dentro de dois meses, até ao fim do próximo ano tem de estar concluído. Deem corda aos sapatos”, desafiou a representante da “defunta” Administração Regional do Alentejo, lembrando que o hospital vai ficar pronto antes de estarem concluídos os acessos.
Estava dado o mote para o líder da bancada do PSD, que percorreu de carro os solavancos da estrada de terra que leva até ao local da construção do novo hospital, deixar um apelo ao autarca de Évora, o comunista Carlos Pinto Sá.
“Eu sei bem que estamos a caminho de eleições autárquicas, eu sei bem que o sr. presidente não é recandidato e por isso não vai prestar contas, assistiram ao calvário que é chegar a um hospital central que está a ser construído, que é a maior obra que está a ser construída em território de Portugal continental e eu queria daqui exortar e apelar ao sr. presidente da Câmara Municipal de Évora que pudesse ser mais diligente, que possa assinar o protocolo que ainda não quis assinar para que, pelo menos depois do hospital estar pronto, em breve prazo, possamos ter as acessibilidades, porque nós vamos ter o hospital pronto e não vamos ter acessibilidades ao hospital", pediu.
Nesta troca de acusações sobre a responsabilidade pelos atrasos, em fevereiro, Carlos Pinto Sá responsabilizava o Governo pelo atraso, afirmando que esperava há um ano pelo protocolo que permita à autarquia assumir competências pelas expropriações e avançar com as acessibilidades.
Os atrasos no Hospital de Évora e também no projeto Évora Capital da Cultura 2027 servem para Paulo Núncio do CDS lamentar a herança recebida e reforçar a necessidade de uma reforma do Estado, criticando que "os licenciamentos duram uma eternidade". "O que é mau para o crescimento económico, é mau para a criação de emprego, é mau para a iniciativa privada, mas também é mau para os investimentos do Estado como este que estamos hoje a visitar", acrescenta.
Antes, no projeto Évora Capital da Cultura 2027 que tem como lema o bem alentejano "vagar", o social-democrata Hugo Soares aproveitou a deixa para considerar que "houve vagar a mais".
Pelas intervenções de dois dos responsáveis, os atrasos vão implicar que, pelo menos, o Multiusos e o Centro Nacional de Dança Contemporânea não vão ficar prontos a tempo, mas outros 200 projetos devem estar concretizados até 2027, como aquele que junta o cante alentejano a cantares da Polónia, Finlândia e Bulgária.
Hugo Soares deixa ainda uma sugestão inspirada pelo The Voice Kids: ”Vejo todas as temporadas com os meus filhos e ainda ontem ganhou uma voz absolutamente extraordinária de cante alentejano, a Inês Gonçalves, que pode ser uma grande voz para este projeto Évora 2027“, sugeriu.
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