"Ausência de apoio deve indignar", a "desculpa que já não serve" e a acusação que "chocou": Moedas e Leitão voltam a trocar farpas
A socialista explica que o acidente com o Elevador da Glória volta sempre à ribalta por se conhecerem dados novos quase todos os dias; já o social-democrata fala numa "atitude muito feia" por parte da adversária, mas garante ser "superior a isso"
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Os candidatos à Câmara Municipal de Lisboa Alexandra Leitão e Carlos Moedas voltaram este domingo a trocar acusações sobre o acidente com o Elevador da Glória.
A cabeça de lista da coligação “Viver Lisboa”, Alexandra Leitão, recusou este domingo estar a fazer "aproveitamento político" com o acidente do Elevador da Glória. A acusação foi feita por Carlos Moedas, depois de a socialista ter afirmado que o atual presidente da câmara de Lisboa e recandidato não tem “postura” nem “o nível que é preciso ter” para o cargo. O líder da coligação "Por Ti, Lisboa" tem, por isso, repetido que o PS está a partidarizar e a politizar a tragédia na capital, isto depois uma reportagem da RTP ter revelado que a Câmara Municipal lisboeta não contactou famílias de algumas das vítimas do acidente, ao contrário das declarações do presidente.
Em declarações aos jornalistas, durante uma ação de campanha na Feira das Galinheiras, Alexandra Leitão explicou que a sua indignação surge pela falta de respostas por parte dos poderes público.
"Houve pessoas que morreram e ficaram feridas por causa de um acidente num equipamento público. Eu indigno-me é com a ausência de apoio por parte dos poderes públicos. E isso é que é devia indignar o ainda presidente da câmara", atirou.
Indo mais longe, a socialista apontou que, atualmente, "tudo o que se diga sobre o elevador é aproveitamento político", mas garantiu que "essa desculpa já não serve". E lembrou o caso do "viúvo que não teve nenhum apoio", assim como denunciou a existência de uma pessoa internada "que não tem para onde ir porque não pode ir sozinha para casa". Insistiu, por isso, que estes são os casos que devem "indignar" a população.
A candidata apoiada pelo PS, BE, Livre e PAN sublinhou igualmente que o tema volta sempre à ribalta por se conhecerem dados novos quase todos os dias
"Soubemos por uma reportagem de um canal de televisão que houve acidentes em 2024 e 2025. Tinham sido ocultado que houve cartas a chamar a atenção. Nada foi dito sobre isso quando, na câmara, os vereadores da oposição tentaram saber. Foi marcada uma reunião para dia 13 de outubro - curiosa data não é, no dia seguinte às eleições. Falou-se sobre isso. Agora, por causa da reportagem da RTP que nos diz que, afinal, algumas famílias das vítimas mortais não estão a ter apoio. Então não íamos falar sobre isso? Isso também não é Lisboa?", questionou.
Alexandra Leitão vincou a "gravidade" do acidente e as das suas consequências para voltar a assegurar que não está a fazer "aproveitamento político".
"Faço, aliás, muita questão de não fazer aproveitamento político e só falo disto quando surgem novidades", justificou.
E foi por pouco que as duas candidaturas à presidência da Câmara Municipal de Lisboa não se cruzaram na feira. Carlos Moedas, que também passou pelo recinto, voltou a criticar a adversária por ter, diz, utilizado uma tragédia para fazer campanha.
"Ontem, houve algo grave que é acusar o presidente e utilizar aquilo que foi uma tragédia que marcou um mês, que nos mudou todos, e utilizar isso politicamente ou partidariamente é muito feio. É algo que os partidos não deveriam fazer por respeito a todas as vítimas, portanto, sim, isso chocou-me", confessou.
O atual presidente negou novamente que as pessoas não tenham sido contactadas.
"Todas as pessoas foram contactadas. Por respeito e privacidade não vou contar todos os contactos. Aliás, uma dessas pessoas até o filho veio de Cabo Verde, uma viagem que pagámos, para que essa pessoa tivesse cá o filho. Tudo isso é feito, mas eu não acho que deva falar disso publicamente", argumentou.
Moedas assegurou que não vai recorrer a "casos particulares" para fazer uma "politização daquilo que foi um momento terrível".
"Sou superior a isso, mas há uma coisa que digo: a câmara não falhou e não vai falhar. Isso tenho a certeza", reforçou, voltando a acusar a adversária de estar a "politizar o caso".