
António Pedro Santos/Lusa
Os socialistas consideram que nada se altera em relação ao acordo de governo entre os partidos à esquerda.
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O secretário-geral do PS desdramatizou na quarta-feira à noite, durante a Comissão Política do seu partido, as consequências do recuo eleitoral da CDU nas autárquicas, considerando que nada se alterou entre os parceiros que suportam o Governo.
A posição dos socialistas foi retomada, no final da reunião, pela secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, em declarações aos jornalistas. Ana Catarina Mendes diz que as declarações do líder comunista, Jerónimo de Sousa, na sequência dos resultados eleitorais de domingo, são encaradas pelos socialistas "com naturalidade".
"Desde que foi criada esta solução de Governo sempre se respeitou a identidade de cada um dos partidos [PS, Bloco de Esquerda, PCP e PEV]. Os acordos são para cumprir", frisou.
Segundo Ana Catarina Mendes, "o PS acredita que até ao final da legislatura haverá estabilidade e paz social" no país.
Já António Costa, durante a reunião da Comissão Política Nacional do PS, de acordo com fontes socialistas, fez uma alusão indireta aos resultados dos parceiros da solução de Governo nas eleições de domingo, dizendo que prefere pagar custos por uma vitória substancial do que por uma derrota do seu partido.
Eleições primárias nas autárquicas
António Costa referiu que as poucas perdas de câmaras socialistas tiveram como causas guerras internas no seu partido - afirmação que levou o dirigente Daniel Adrião a retomar a tese de que o PS tem de promover a escolha dos seus candidatos autárquicos através de eleições primárias.
Daniel Adrião referiu que, na sequência dos processos internos de escolha de candidatos, houve "centenas de militantes que se demitam do PS".
Depois, pediu ao secretário-geral do PS para ser "magnânimo", concedendo uma amnistia aos militantes socialistas que entraram em listas independentes para enfrentarem as candidaturas oficiais do partido.
Sindicatos querem virar página da "reposição"
Na reunião, o secretário-geral do PS repetiu que a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2018 será de "continuidade" face a 2017 e 2016.
Aqui, foi o dirigente socialista e da UGT José Abraão que contestou o líder do PS, contrapondo que o Governo "precisa de virar a página".
"O Governo tem de mudar o discurso, não basta falar em reposição rendimentos no Orçamento para 2018 e tem de haver valorização dos salários", advertiu José Abraão.