PCP diz que decisão sobre Orçamento do Estado depende do "conteúdo" da proposta

Perante milhares de militantes e simpatizantes, no comício de encerramento da 40.ª edição da festa comunista, Jerónimo de Sousa voltou a voltar a deixar críticas aos quatro ano de governação PSD/CDS-PP - partidos que, acusa o secretário-geral do PCP, têm em marcha uma "campanha revanchista" -, mas também às opções tomadas pelo Partido Socialista.

"As opções do PS e a sua assumida atitude de não romper com os constrangimentos externos - sejam as imposições da União Europeia, a submissão ao Euro ou a renegociação da dívida - seja a não rutura com os interesses do capital monopolista, são um grave bloqueio à resposta aos problemas do país", disse o líder comunista.

Um aviso deixado aos socialistas, acrescentando o PCP que os "problemas de fundo" não se resolvem com "simples ajustamentos" ao atual modelo "imposto" pela União Europeia, e sublinhando que, sem alterações à atual relação entre Lisboa e Bruxelas, o executivo está também a "favorecer as forças que querem impor o regresso ao passado e continuar a levar o país pelo caminho da crise e ao declínio".

Em pleno Palco 25 de abril, num discurso de perto de uma hora, Jerónimo de Sousa afirmou, no entanto, que o país vive agora uma "nova fase da vida política nacional", salientando medidas como a reposição dos salários e das 35 horas de horário de trabalho na Administração Pública, a eliminação da sobretaxa de IRS, a reposição de feriados, a redução do IVA da restauração ou o aumento do salário mínimo nacional.

Mas, em vésperas de apresentação e discussão do Orçamento do Estado para o próximo ano, o PCP pede mais, e não quer desvios por parte do "governo minoritário" - e com o qual admite existirem "contradições" - liderado por António Costa.

"A nossa decisão [sobre OE2017] será determinada sempre pelo seu conteúdo. O nosso compromisso é examinar a proposta, abertos que estamos a propor e encontrar soluções para que prossiga uma linha de devolução e reposição de direitos, de respeito pelos salários, de aumento de pensões, mas também de dar resposta aos problemas do crescimento, do emprego e do desenvolvimento", disse o líder do PCP.

Até lá, avisam os comunistas, à direita, PSD e CDS-PP vão procurar "ampliar mentiras e manobras", defendendo Jerónimo de Sousa que, apesar de a atual solução governativa ter servido para afastar o anterior governo, será preciso um "um esforço hercúleo" para mudar a realidade dos portugueses.

Autárquicas como solução para gestão de PSD, CDS-PP...e PS

No comício de encerramento da Festa do "Avante!", Jerónimo de Sousa não esqueceu a "batalha eleitoral" do próximo ano, afirmando que as eleições autárquicas devem servir para afirmar a CDU como "a grande e a principal força da esquerda no Poder Local".

Nesse sentido, o secretário-geral do PCP diz que os comunistas têm trabalhar para construir uma "solução e proposta alternativa à gestão de PS, PSD e CDS".

"Temos, até lá, muito trabalho", sublinhou.