Marisa Matias, em entrevista à TSF, afirma que a resolução do Banif foi o resultado de um jogo de conivências entre o anterior governo, o Banco de Portugal e o Presidente da República.
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A candidata à presidência da República e eurodeputada defende que o Presidente da República deve ser também um árbitro no que toca à supervisão do sistema financeiro, "mas um árbitro de proximidade, junto dos cidadãos", e não alguém que "compactua com jogos, que ajuda a empurrar para debaixo do tapete, em conjunto com o governo e o Banco de Portugal, problemas e uma bomba relógio que sabíamos que ia rebentar mais cedo ou mais tarde".
Marisa Matias lembra as contas da Associação Portuguesa de Bancos, que apontavam, antes do caso Banif, para um gasto de "um em cada cinco euros da riqueza nacional com a recapitalização da banca" e afirma que se as instituições da democracia estivessem a funcionar "não teríamos tido casos como o BPN, o BES ou o Banif". Não assumindo diretamente que Carlos Costa já não tem condições para se manter Governador do Banco de Portugal, a candidata diz que o atual governador só foi reconduzido porque "existia um jogo de conivências", e que as pessoas têm de saber se "estamos ou não em boas mãos com Carlos Costa à frente do BdP".
Quanto às relações de Portugal com as instituições europeias, Marisa Matias lembra o exemplo das recentes exigências do Reino Unido, e a forma como foram recebidas pela Comissão, para dizer que "cabe ao chefe de Estado, se houver alguma contradição, dizer que o que vale é o que está na Constituição da República", e não ter uma "atitude subserviente que permite que sejamos sistematicamente empurrados para um campeonato de terceira ou quarta categoria".
Numa crítica direta a Marcelo Rebelo de Sousa, Marisa Matias classifica o nome apoiado por PSD e CDS como "um candidato das elites", diz que é preciso "acabar com o ciclo de empobrecimento", e que "não é com política velha, nem com uma forma velha de fazer funcionar as instituições que se entra num ciclo novo".