A um dia da posse do novo governo, Mariana Mortágua espera para ouvir o que dirá Marcelo Rebelo de Sousa realçando que “é importante que deixe claro quais são as condições impostas a este Governo, na senda do que fez até agora”.
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É com “preocupações” que “só se adensam” que o Bloco de Esquerda olha para o novo governo. Críticas não faltam, sobretudo em pastas como saúde, educação e trabalho, mas também há expectativa na Rua da Palma para saber que condições vai impor o Presidente da República a Luís Montenegro.
Se, com António Costa, o Chefe de Estado foi bastante claro na posse do executivo acerca das condições de governabilidade, Mariana Mortágua, não espera menos para Luís Montenegro. “Penso que é importante que deixe claro quais são as condições impostas a este Governo, na senda do que fez até agora e que todos conhecemos, saber do Presidente da República quais são as condições que vão ser impostas a este a este Governo que, aliás, governa em minoria numa situação de permanente instabilidade, como já podemos assistir na Assembleia da República”, vinca a coordenadora do BE.
Questionada sobre se espera que Marcelo Rebelo de Sousa mantenha a coerência, a líder bloquista não entra por aí, preferindo não fazer comentários, mas reitera que “o Presidente da República foi impondo condições aos mais diversos governos, que dizem respeito à governabilidade, à estabilidade” e que será “importante compreender quais são as condições impostas pelo Presidente da República a este governo”.
Mariana Mortágua, que ainda não tinha feito comentários publicamente sobre o novo governo, foi questionada à saída de uma reunião do partido com a Liga dos Bombeiros para dizer que, quando olha “para os principais ministros e ministras das pastas centrais dos problemas que temos de resolver, essas preocupações só se adensam”.
À cabeça, a líder do Bloco dá o caso de Ana Paula Martins, a nova ministra da Saúde que aponta como “a responsável pelo encerramento do serviço de obstetrícia no hospital de Santa Maria”.
“A mesma pessoa que foi responsável por encerrar aquele serviço, alegando obras que nem iam acontecer naquele momento, nem naquele edifício, e que acabou por resultar na demissão de uma parte da equipa de obstetrícia e colocando em causa esse serviço”, sublinha Mariana Mortágua notando que quem está “à frente da pasta do SNS” é alguém que “defende a privatização do acesso à saúde, que não tem qualquer pudor em dizê-lo, que acha que o acesso à saúde deve ser privatizado, deve ser partilhado com os privados”.
Já sobre a Educação, Mariana Mortágua diz desconhecer as posições de Fernando Alexandre, mas lembra o passado do novo governante. “O que temos são as suas declarações em momentos tão difíceis como na altura da intervenção da Troika, em que defendeu cortar definitivamente o décimo quarto mês a todos os funcionários públicos, não temporariamente, definitivamente”.
“E defendeu cortar também definitivamente um mês nas reformas acima dos 1500 euros porque, na altura, entendia que era uma boa forma de as pessoas assentarem os pés na Terra e perceberem que, no futuro, as reformas serão mais baixas”, completa Mariana Mortágua.
Para terminar a análise, Mortágua aponta à pasta do Trabalho, lembrando que é um problema central para o país com a questão dos baixos salários e da precariedade laboral. “Temos uma Ministra do Trabalho, cujo currículo é de ataque a todos os avanços que houve na lei laboral e de defesa da desregulação da lei laboral, da desregulação do trabalho”, conclui, apontando o dedo a Maria do Rosário Palma Ramalho.