BE acusa Moedas de instrumentalizar os sem-abrigo de Lisboa. PS lamenta desistência de centro intergeracional
"É incompreensível que o senhor presidente da Câmara desperdice esta oportunidade de aplicar no Hospital Militar de Belém um modelo correto para o alojamento de urgência temporário de pessoas em situação de sem-abrigo, preferindo, em alternativa, instalar as pessoas em hostéis", diz Fabian Figueiredo à TSF
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O Bloco de Esquerda acusa o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, de instrumentalizar as pessoas em situação de sem-abrigo, depois de o autarca desistir de instalar temporariamente estas pessoas no Hospital Militar de Belém.
"É uma decisão regulamentável errada e que demonstra que o senhor presidente da Câmara, Carlos Moedas, não tem uma estratégia coerente e eficaz para lidar com o drama humano em que vivem centenas de pessoas em situação de sem-abrigo na cidade de Lisboa e é por isso que, aliás, a situação se tem degradado em toda a cidade de Lisboa e nós não deixaremos de criticar o senhor presidente da Câmara em todos os espaços que tivermos e tentar reverter esta sua decisão, que é errada. Havia disponibilidade do Governo. É incompreensível que o senhor presidente da Câmara desperdice esta oportunidade de aplicar no Hospital Militar de Belém um modelo correto para o alojamento de urgência temporário de pessoas em situação de sem-abrigo, preferindo, em alternativa, instalar as pessoas em hostéis", disse à TSF Fabian Figueiredo, dirigente do BE.
O bloquista acusa Moedas de ser teimoso e preconceituoso: "O espaço estava identificado, havia vontade da Junta, havia disponibilidade do Governo, já tinha sido anunciada publicamente e o senhor presidente da Câmara boicotou uma solução que ia de acordo com os padrões de exigência que se fixam para a resolução de dramas humanos, como é a da situação das pessoas sem abrigo ou para a resposta à população mais idosa. É um equipamento que não vai ficar disponível para resolver os problemas da cidade, para aumentar a resposta social na cidade por mera teimosia e preconceito do senhor Presidente da câmara de Lisboa, que mostra, uma vez mais, que não está à altura dos desafios da cidade de Lisboa."
Já os socialistas concordam apenas com parte da decisão de Carlos Moedas.
"A resposta aos sem-abrigo faria sentido que fossem respostas de menor dimensão espalhadas pela cidade. Discordávamos que se colocassem 200 pessoas numa só resposta num único local e, portanto, esta notícia, a pedido de Carlos Moedas, vai ao encontro daquilo que eram as preocupações. Temos uma resposta que permita uma verdadeira integração que tem de ser uma resposta de menor dimensão. O que lamentamos é que desiste também do centro intergeracional, que foi uma promessa eleitoral e um compromisso que teve com a freguesia da Ajuda", explicou a vereadora Inês Drummond à TSF.
A socialista defende que o centro intergeracional faz muita falta à cidade: "Um dos problemas que nós temos também na cidade de Lisboa é não termos resposta para pessoas que decidem entrar em unidades de cuidados de saúde, centros intergeracionais e lares. Não há resposta na cidade e é uma das maiores carências que temos na cidade. As pessoas mais idosas que precisam deste tipo de apoio e de ser integradas em lares ou em respostas neste tipo de unidades, não têm resposta na cidade. Têm de ir para fora da cidade, muitas vezes na cidade que os viu nascer e crescer, que é tudo o que conhecem e vão para quilómetros e quilómetros de distância, com as famílias a não os poderem acompanhar e poderem estar perto."