Catarina Martins aguarda que o Governo "tire as devidas consequências" da polémica em torno da nomeação de Pereira Gomes para chefe das 'secretas', insistindo que essa escolha seja reconsiderada.
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"Nós consideramos que os relatos sobre o que aconteceu em Timor, quando Pereira Gomes era chefe de missão, são muito graves e, portanto, devem fazer o Governo reconsiderar esta escolha", começou por responder aos jornalistas Catarina Martins, durante uma visita esta tarde à Feira do Livro, em Lisboa.
A líder bloquista recordou ainda "que esta escolha passa pelo parlamento e há uma audição obrigatória", mas foi perentória: "nós ainda aguardamos que o Governo, depois de dizer que ia analisar melhor o caso, tire as devidas consequências".
O Público noticiou sexta-feira a apreensão do PSD com a escolha de Pereira Gomes para chefe do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP).
Nesse mesmo dia, o primeiro-ministro, António Costa, manifestou confiança no diplomata José Júlio Pereira Gomes para o desempenho das funções de secretário-geral das "secretas", explicando que foi isso que o levou a convidá-lo para o cargo.
Já no sábado, o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, disse que o partido está atento às objeções que tem merecido a escolha do novo chefe das "secretas", mas sublinhou não querer acrescentar nada que possa "adensar a polémica".
Na semana passada, ao DN, a eurodeputada do PS Ana Gomes também já tinha demonstrado preocupação pela nomeação de José Júlio Pereira Gomes para chefe das 'secretas'.
Ao DN, Ana Gomes assumiu que ficou "muito surpreendida e apreensiva", porque, "não estando em causa o percurso profissional, falta a Pereira Gomes o perfil psicológico".
"Tenho dúvidas de que o embaixador Pereira Gomes tenha capacidade para aguentar situações de grande pressão. Não inspira confiança e autoridade junto dos seus subordinados nos serviços de informações", referiu a eurodeputada, adiantando que já informou "quem de direito" do porquê da sua "apreensão".
Posteriormente, num artigo de opinião no Público, o jornalista Luciano Alvarez, falou também da passagem do embaixador por Timor-Leste em 1999.