Mariana Mortágua atira a Inês Sousa Real pelos apoios aos governos regionais. Na resposta, Mortágua recebe acusação de o Bloco ter aberto a porta da instabilidade política no país.
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Quem é mais confiável e, consequentemente, merece o voto do eleitorado? Foi este o grande ponto de tensão no último frente-a-frente do Bloco de Esquerda com o PAN. No debate deste domingo à noite, na CNN, ambas as líderes partidárias apontaram o dedo uma à outra.
O tema em cima da mesa era ambiente quando Mariana Mortágua decide partir para o ataque: "É complicado compreender como é que, em nome do ambiente, se apoia um governo que é o pior governo que o PSD tem para apresentar, que é o Governo da Madeira, o poder de 48 anos".
Mortágua continua notando que é "um poder de construção, de especulação, de destruição ambiental" e dá exemplo do projeto Dubai ou a "destruição da praia Formosa". "O Governo do PSD da Madeira é um exemplo de destruição ambiental, tal como o Governo dos Açores é um governo de ataque à igualdade, é um governo onde está o PPM de Gonçalo da Câmara Pereira, é um governo que tem o apoio do Chega; foi este Governo que o PAN viabilizou quando permitiu passar um orçamento, votando a favor e negociando um orçamento nos Açores ao lado do Chega e com um governo onde estava o PSD com o PPM de Gonçalo da Câmara Pereira, portanto, parece-me que não há qualquer coerência".
Na resposta, Inês Sousa Real também tem uma carta na manga e recua a 2021. "Nós temos claramente a confiança do nosso eleitorado, até porque tem sido precisamente o partido da oposição que mais tem feito avançar medidas, fizemo-lo nesta legislatura, ao contrário até do Bloco que, recordo, foi no fundo quem abriu a porta esta instabilidade política, quando, em 2021, não permitiu que o orçamento de Estado fosse discutido na Assembleia da República", contrapõe a porta-voz do PAN.
"Não nos podemos esquecer do preço que as pessoas estão neste momento a pagar pelas sucessivas demissões, neste caso, a dissolução da Assembleia da República e do Governo", nota Sousa Real justificando as atitudes nas ilhas com o facto de ter de ser um desígnio de todas as forças políticas democráticas travar a extrema-direita e não permitir que ela ascenda ao poder.
Num debate muito marcado pelas questões ambientais, Inês Sousa Real defendeu as medidas fiscais do seu programa, nomeadamente a redução do IRC de 21 para 17%, perante críticas da coordenadora do Bloco de Esquerda.
"Sabendo que quem paga IRC são precisamente estas grandes empresas que têm enormes lucros e que, na maior parte dos casos, são empresas responsáveis por atentados ambientais e por poluição, como é o exemplo da Galp, que beneficiaria quase 260 milhões ao longo de quatro anos com esta proposta, ou a indústria da celulose ou a banca que vai beneficiar de este tipo de borlas fiscais sem que isso contribua para aumentar salários", aponta Mortágua.
Defende-se Inês Sousa Real a dizer que não compreende "esta narrativa do Bloco" porque o país precisa de ser "atrativo do ponto de vista do investimento com responsabilidade social e ambiental". "A proposta do PAN, da descida do IRC, contempla majorações e incentivos ao próprio investimento em matéria de transição energética e sustentabilidade. Por outro lado, não nos podemos esquecer que o PAN foi precisamente o partido que apresentou, não só propostas para acabar com as borlas fiscais às grandes poluidoras, para taxar também os lucros quer da banca, quer de quem mais polui e quem mais lucra e, portanto, nós acompanhamos plenamente a velha máxima de taxar o carbono, taxar quem mais polui e aliviar as famílias", conclui a líder do PAN.