BE não entende "ambiguidades" de Pedro Nuno e acusa direita de oferecer "espetáculo miserável e degradante"
Mariana Mortágua defende que o Presidente da República está a prestar "um mau serviço" ao país com a "chantagem permanente" de eleições
Corpo do artigo
A coordenadora do BE acusou esta segunda-feira os líderes dos partidos de direita de oferecerem um "espetáculo miserável e degradante" à volta do Orçamento do Estado para 2025 e considerou ser incompreensível "a ambiguidade" do secretário-geral do PS.
"E perante este Orçamento que nós já conhecemos, e que já podemos ler, e perante o miserável espetáculo, degradante espetáculo, que os responsáveis da direita nos estão a oferecer acerca deste Orçamento, todos eles, da IL, do Chega, do PSD, um miserável e degradante espetáculo, a única coisa que falta compreender é por que é que o secretário-geral do PS continua a manter ambiguidades relativamente ao Orçamento", afirmou Mariana Mortágua.
Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita aos bombeiros Sapadores que estão em protesto, desde o início de setembro, em frente à Câmara Municipal do Porto, Mariana Mortágua deixou também críticas ao Presidente da República, a quem acusou de estar a prestar "um mau serviço" ao país com a "chantagem permanente" de eleições caso o Orçamento do Estado para 2025 não seja aprovado.
Para Mariana Mortágua, a proposta de OE apresentada é a de um "orçamento mau" porque vai beneficiar os mais ricos e não vai resolver problemas como o da habitação ou os problemas na Saúde.
"O que eu gostaria de dizer é uma coisa que talvez vos surpreenda, que é explicar por que é que este OE é mau, não deve ser aprovado. Ele entrega fatias, fatias do dinheiro do Orçamento e de recursos públicos ao setor privado da Saúde, às seguradoras, a serviços privados que estão a substituir o público e a tirar capacidade de responder", disse.
E continuou: "É um mau orçamento porque vai rebentar com o Serviço Nacional de Saúde, vai aumentar o preço da habitação, porque não responde aos sapadores, porque cria regimes fiscais injusto que privilegiam os mais ricos, as elites, os futebolistas e as grandes empresas."
Sobre a aprovação ou não do OE e as consequências, entre as quais a realização de eleições legislativas antecipadas, Mariana Mortágua alertou para o uso do ato legislativo como uma arma de arremesso: "É perigosa a forma como as eleições têm sido apresentadas ao país como uma ameaça."
"Nós não podemos, nem devemos, transformar o maior ato da democracia e o mais importante ato da democracia como uma permanente ameaça à democracia e uma permanente chantagem", defendeu.
Para o BE, "as eleições não podem ser uma chantagem, são uma solução quando não há outra solução e são uma solução porque são a escapatória da democracia e estar permanentemente a dizer às pessoas e a usar as eleições (...) como uma chantagem e uma ameaça é um mau serviço ao país".
Neste sentido, a coordenadora do BE deixou criticas a Marcelo Rebelo de Sousa: "Na verdade, é um mau serviço ao país que fez o Presidente da República com estas chantagens permanentes sobre se o Orçamento não for aprovado há eleições, as eleições são um desastre, se o Orçamento não for aprovado, tudo acontece."
"Há muita dramatização sobre este processo que tem muito pouco de real e é um espetáculo um pouco degradante que visa chantagear, manipular as decisões das pessoas", alertou.
Questionada sobre se considera que as eleições são o caminho caso o OE não seja aprovado, Mortágua não disse que sim, nem que não, e afirmou que o "acontece perante um Orçamento chumbado depende do PR e do primeiro-ministro".
"Se me pergunta a mim se eu acho que esta governação de direita, se esta relação incompreensível e este espetáculo degradante da disputa entre os vários partidos de direita e dos seus interlocutores e responsáveis é capaz de garantir alguma estabilidade ao país, acho que não. Se me pergunta se eu tenho medo de eleições e se acho que as eleições são um papão na democracia, também acho que não", salientou.
Sobre o protesto dos Bombeiros Sapadores, que dura há 41 dias, Mariana Mortágua defendeu que a situação daqueles profissionais não é compreensível: "Estes bombeiros têm a caricata situação de pagarem mais pelos seguros das suas casas porque têm profissões de risco, mas o Estado não lhes reconhece uma profissão de risco e não lhes paga o subsídio adequado."
"É uma situação incomportável, que é óbvio que humilhou, humilha estas pessoas e que levou os sapadores a protestos que são mais do que compreensíveis e do que justos", considerou.
Mariana Mortágua reconheceu que os Sapadores têm "uma profissão de risco e toda a gente compreende que é de risco", mas, salientou, "não têm nem uma carreira, nem um salário adequado à sua profissão".
"Estes bombeiros recebem muito pouco mais do que o salário mínimo nacional e à medida que o salário mínimo foi subindo eles foram perdendo o subsídio de risco que era parte do seu salário", disse.
Para a líder do BE, as reivindicações dos Sapadores são justas: "Ter uma carreira que lhes permita progredir e ter uma expectativa sobre o que vai ser o futuro, ter um salário digno e um subsídio de risco adequado às suas funções, que toda a gente entende que são de risco, e poder voltar a um regime de reforma adequado às funções que estão a desempenhar".
Um grupo de Sapadores do Porto e de Vila Nova de Gaia está em protesto em frente à câmara do Porto há 41 dias, estando marcada para terça-feira uma "grande concentração" que deverá assinalar o fim do protesto.
