Catarina Martins defende que só um acordo à esquerda permite opções de investimento que combatam os "problemas estruturais da economia" e desafia Governo a fazer "aposta concreta" na ferrovia.
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Na semana em que os negociadores do Governo e do PSD - o ministro Pedro Marques e o vice-presidente social-democrata, Manuel Castro Almeida - se encontram para discutir o investimento e os fundos comunitários, com a reprogramação do Portugal 2020 e a preparação do Portugal 2030 em destaque, o BE defende que a conversa sobre investimento deve fazer-se à esquerda e não com os social-democratas.
Catarina Martins, coordenadora do BE, considera que foi através da atual solução governativa que se conseguiu devolver rendimentos aos portugueses e, nesse sentido, entende, o debate sobre investimento e quadros comunitários de apoio deve ser feito com os parceiros dos últimos dois anos.
"Existiu uma opção que foi feita - e que resultou de legitimidade eleitoral - para uma solução política diversa do bloco central. Nós acreditamos que essa solução política pode também permitir começar a resolver os problemas estruturais da economia portuguesa se começarmos a debater à esquerda as questões do investimento", disse, durante a conferência de imprensa no âmbito das jornadas parlamentares do BE, que decorrem até amanhã, no distrito de Leiria.
Segundo a coordenadora bloquista, "só um acordo que seja com a esquerda pode permitir opções de investimento público que combatam os problemas estruturais da economia portuguesa", num diálogo que, assinala, deve ser feito no sentido de combater "os setores rentistas, o endividamento externo, a assimetria do território e o défice social" do país.
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Catarina Martins acrescenta ainda, a propósito do tema do investimento e do caminho que se segue até ao Orçamento do Estado para 2019 que "não há política de investimento público sem debater o Orçamento de Estado e não há estratégia 2030 sem investimento público", garantindo: "O Bloco de Esquerda cá estará para esse debate".
BE quer "aposta concreta" na ferrovia e recomenda requalificação integral da Linha do Oeste
O primeiro dia das jornadas parlamentares do BE começou com uma viagem de comboio na Linha do Oeste, entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, com o objetivo de dar conta das "insuficiências do transporte ferroviário".
Nesse sentido, os bloquistas apresentaram um projeto de resolução em que recomendam ao Governo que "proceda à revisão do atual projeto de modernização da Linha do Oeste - troço Mira Sintra/Meleças - Caldas da Rainha" e que lance os estudos necessários à requalificação do troço Caldas da Rainha-Louriçal, com o BE a salientar que a proposta atual só tem em vista a "requalificação de 20% da linha, até às Caldas da Rainha".
Na conferência de imprensa, nas Caldas da Rainha, a coordenadora bloquista deu ainda conta de outro dos problemas da Linha do Oeste: o facto de não ter condições suficientes de acessibilidade.
"O deputado Jorge Falcato não pode acompanhar-nos na viagem de comboio porque os comboios da Linha do Oeste não permitem que uma pessoa de cadeira de rodas possa ter a ferrovia como opção. O investimento na ferrovia é também um investimento em nome de um país mais inclusivo", disse.