BE vota a favor da censura e desafia Montenegro: "Esclareça ou apresente moção de confiança"
Mariana Mortágua envia catorze questões que quer ver esclarecidas por Luís Montenegro sobre clientes, montantes e pedidos de escusa. A coordenadora do Bloco de Esquerda espera resposta "ainda esta semana"
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O Bloco de Esquerda (BE) vai votar a favor da moção de censura apresentada pelo PCP, mas considera que o primeiro-ministro não se pode desresponsabilizar e deve avançar com uma moção de confiança, como deixou entender na comunicação ao país que fez no último sábado.
"O primeiro-ministro só tem um de dois caminhos: ou esclarece cabalmente todas as questões, ou apresenta uma moção de confiança", desafia Mariana Mortágua, que acusa Montenegro de ir "arrastando a sua permanência no poder".
Em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa, a coordenadora do BE anuncia o voto a favor da moção de censura apresentada pelo PCP por concordar com os pressupostos, mas assinala que tal não isenta o primeiro-ministro de apresentar uma moção de confiança ao Parlamento.
"Se não estamos a brincar à política, se não estamos a brincar aos jogos de poder, então o primeiro-ministro tem de fazer o que disse que ia fazer", defende Mariana Mortágua.
Já sobre o PS que já anunciou que não irá viabilizar a moção apresentada pelo PCP, a coordenadora bloquista nota que terão de ser os socialistas a explicar a “incoerência”.
Entre as 14 questões entregues esta segunda-feira no Parlamento e para as quais o BE espera resposta ainda esta semana, estão perguntas sobre a lista de clientes da Spinumviva, montantes recebidos e recursos "subcontratados ou próprios" alocados a cada serviço prestado.
O Bloco quer ainda saber porque é que se Montenegro considera válida a transmissão da empresa para a mulher, ocorrida em 2022, o primeiro-ministro anunciou agora a transferência para os filhos e a alteração da morada da empresa.
“São contradições que o primeiro-ministro deve esclarecer. Deve também dizer relativamente a que outras empresas é que pretende pedir escusa”, sublinha a coordenadora do BE.
Perante a notícia do jornal Correio da Manhã sobre a compra a pronto de dois imóveis num valor total de 715 mil euros, o BE pergunta se estes montantes estavam incluídos nas declarações do primeiro-ministro, já que, na leitura bloquista, “a obrigação que os eleitos de altos cargos públicos têm é declarar contas de depósito à ordem superiores a 50 salários mínimos nacionais”.
Questões que Mariana Mortágua considera serem “perguntas simples, legítimas e razoáveis a que qualquer empresa deve poder responder”.