A coordenadora do BE anunciou este domingo o voto favorável na votação final global do Orçamento do Estado para 2018 "com a atual configuração".
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"O Bloco de Esquerda, com a atual configuração, com o orçamento como ele está, com o que foi votado até sexta-feira e portanto com todas as medidas que lá estão, naturalmente considera que é um orçamento que faz alguma evolução e a Mesa Nacional decidiu votar favoravelmente o orçamento na votação final global", disse Catarina Martins em conferência de imprensa, após a reunião do órgão máximo do partido entre convenções.
No entanto, a coordenadora do BE voltou a manifestar a preocupação com a avocação pelo PS da medida, proposta pelos bloquistas e que sexta-feira tinha sido aprovada, de combate às "rendas excessivas das elétricas".
Catarina Martins acrescentou esperar que os socialistas não sejam o "velho PS" que "cede às pressões e aos lobbies poderosos da energia", o que seria uma "desilusão para todo o país".
Na opinião de Catarina Martins, o OE2018 cumpre "no essencial os compromissos assinados 2015" entre o Bloco de Esquerda e Partido Socialista e faz "uma recuperação de salários e pensões", mas condenou que continue "a apresentar muitas limitações" uma vez que o Governo mantém a "inflexibilidade de colocar a renegociação da dívida em cima da mesa".
"A recusa do Governo em colocar esta questão do ponto de vista europeu continua a colocar limitações muito significativas", criticou.
BE vê "com alguma estranheza" formato da iniciativa com cidadãos
Catarina Martins foi ainda questionada pelos jornalistas sobre a sessão em que os membros do executivo responderem a questões colocadas por cidadãos para tal recrutados, com a qual o Governo assinalou hoje em Aveiro dois anos de mandato, iniciativa que está a gerar polémica.
"O Bloco de Esquerda vê com alguma estranheza que a iniciativa tenha que ser tomada dessa forma no sentido em que o Bloco de Esquerda tem feito sessões sobre os mais variados temas em todo o país, incluindo sobre o Orçamento do Estado, abertas a todas as pessoas, em que todo o país faz as perguntas que entende quando vai às sessões", afirmou.
A coordenadora do BE referiu que o partido tem feito "uma apreciação muito positiva desta liberdade de toda a gente poder participar". "Tem corrido particularmente bem. É um modelo que nós recomendamos", atirou.
Catarina Martins tinha começado por responder que era "um pouco difícil de compreender até" toda esta questão e que "gostaria que a comunicação social dedicasse tanto tempo aos lucros da EDP ou à cooperação estruturada permanente, que está a ser decidida na Europa, como tem dedicado a este 'focus group'".
Questionada sobre o balanço que o BE faz destes dois anos do Governo - executivo que o partido apoia no parlamento - a líder bloquista destacou que está a ser levada a cabo uma "recuperação de rendimentos do trabalho que é muito positiva" porque "contraria uma perda que existia a cada dia, que se passava com uma maioria de direita".
No entanto há, na opinião de Catarina Martins, "limitações" em três áreas fundamentais, sendo a primeira "a reposição da capacidade dos serviços públicos de responderem à população".
"Por outro, a alteração da legislação laboral que permita a valorização salarial e a recuperação de direitos no setor privado e ainda medidas que trabalhem pelos problemas estruturais da economia portuguesa, combatendo os grandes grupos económicos que têm o Estado refém dos seus interesses e reestruturando a dívida pública", detalhou.