Catarina Martins está confiante num acordo com o Governo sobre o OE para 2016, mas deixa uma advertência. A porta-voz do Bloco fala ainda de "chantagem europeia".
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A porta-voz do Bloco de Esquerda está confiante num acordo com o governo sobre o Orçamento de Estado para 2016, mas advertiu que recusará "medidas de compensação" que atenuem a acordada devolução de rendimentos "retirados" nos últimos anos.
Em conferência de imprensa, e depois de questionada sobre o estado das negociações com o Governo para a aprovação do Orçamento do Estado para 2016, Catarina Martins recusou-se a abordar os pontos específicos dessas negociações, mas frisou que o acordo feito entre o Bloco de Esquerda e o PS tem como objetivo "a recuperação de rendimentos".
"Para nós, a preocupação é que não haja medidas de compensação que retirem às pessoas a possibilidade de devolução de parte dos rendimentos que lhes foi tirado pela austeridade. Não podemos parar o empobrecimento por um lado e prejudicar os rendimentos de quem menos tem por outro", declarou Catarina Martins.
Nesta conferência de imprensa, no final de uma reunião da Mesa Nacional do partido, a porta-voz do Bloco de Esquerda disse ainda que as negociações (com o PS) sobre o Orçamento do Estado para 2016 estão a ser feitas "num quadro de elevada confiança, clareza e transparência".
"O Bloco de Esquerda leva a sério os seus compromissos e não volta atrás com a sua palavra. Há pontos que são para nós complexos e até preocupantes, estamos a negociar com o Governo no quadro do acordo firmado [com o PS]. E, enquanto for neste quadro, o Bloco de Esquerda naturalmente não falha. Negociaremos cada um desses pontos", declarou ainda.
Nos planos económico e financeiro, Catarina Martins criticou as opções do Governo em processos como o Banif, considerando que cedeu a Bruxelas, mas os seus ataques mais violentos foram dirigidos à Comissão Europeia, que acusou de estar a exercer "chantagem" sobre Portugal.
"A chantagem europeia contra as medidas de recuperação de rendimentos, querendo tornar permanentes cortes que o Governo anterior apresentou como temporários, exige determinação na defesa de Portugal", afirmou Catarina Martins.
Catarina Martins disse ainda que as exigências feitas pela Comissão Europeia não consolidam as contas públicas e acrescenta que o esboço de Orçamento entregue em Bruxelas só peca por timidez na recuperação, ainda não possível, do crescimento económico.
No comunicado final da reunião da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda refere-se que em fevereiro e março serão organizadas várias sessões públicas sobre "a chantagem europeia" e a proposta de Orçamento do Estado para 2016.
Ainda ao nível da política europeia, Catarina Martins referiu a condenação de medidas recentemente tomadas em França, Suécia e Dinamarca contra minorias e refugiados.