Marisa Matias lança críticas ao governo socialista e ao ministro das Finanças, na 'rentrée' do Bloco de Esquerda, em Leiria.
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Marisa Matias acusou esta sexta-feira o ministro Mário Centeno de suportar as políticas de austeridade defendidas pelo Eurogrupo. Na abertura do Fórum Socialismo do Bloco de Esquerda, em Leiria, a eurodeputada disse que a austeridade e a xenofobia têm muitos cúmplices e aliados na Europa.
Com críticas ao governo PS e ao ministro das Finanças, Marisa Matias considera que a social-democracia na Europa se demitiu de evitar a cultura tecnocrata.
"As recentes declarações de Mário Centeno a propósito da conclusão do programa de ajustamento na Grécia são uma triste imagem desta realidade. Tal como previsto não foi Centeno que entrou no Eurogrupo, foi o Eurogrupo que entrou em Centeno. Ou melhor, o Eurogrupo na verdade nunca saiu de dentro de Centeno, já o sabíamos".
Marisa Matias, na abertura do Fórum Socialismo, em Leiria, que marca a rentrée política do Bloco, diz que os limites à austeridade em Portugal foram colocados pelos partidos mais à esquerda. "E é por isso que estranho as declarações de António Costa ontem [quinta-feira] em Itália, porque me parece que a Europa sem austeridade de que falava o primeiro-ministro é uma ficção, e ao menos Mário Centeno nem sequer tenta fingir", afirmou.
A eurodeputada conclui que a austeridade, mas também a xenofobia, têm na União Europeia muitos cúmplices e aliados.
"Quando a extrema-direita começou a chegar ao poder nos últimos anos já lá encontrou as suas políticas, mas eu creio que elas entraram por vias muito específicas. As políticas da extrema-direita entraram na União Europeia por via da social-democracia e por via da democracia cristã. Tal como a austeridade, aliás, que vivemos nos últimos anos", apontou Marisa Matias.
Um exemplo, a crise dos refugiados.
"Bastou um veto de Salvini, que qualquer governo poderia ter apresentado, para que todos os governos, pela mão do governo alemão, tivessem aceitado estes campos de internamento para refugiados. E quando foi essa ameaça de veto de Salvini, é bom lembrar que em todas as reuniões do Conselho todos os governos têm direito de veto, incluindo o português. Mas o próprio governo português assinou as conclusões do Conselho onde se permite a criação de campos de detenção para refugiados".
Os trabalhos do Fórum Socialismo prologam-se até domingo. O encerramento acontece pelas 17h30, com a intervenção da coordenadora nacional do Bloco de Esquerda, Catarina Martins.