Bolieiro diz que vai governar com "maioria relativa" e recusa "ceder a chantagens"
Apesar de ter ficado a três deputados da maioria absoluta e de André Ventura ter vindo a público defender que a única forma de garantir um governo estável nos Açores é um acordo com o Chega, Bolieiro diz que os resultados e o "grau" da vitória eleitoral são claros.
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O presidente do PSD/Açores e líder da coligação PSD/CDS-PP/PPM, José Manuel Bolieiro, disse este domingo que vai governar com "uma maioria relativa", salientando que "uma vitória nunca é uma minoria", e recusou ceder a "chantagens".
"Governarei com uma maioria relativa. E não se trata de uma minoria, uma vitória nunca é uma minoria, é uma maioria de votos e de mandatos", disse aos jornalistas após o seu discurso de vitória, na sede do PSD/Açores, em Ponta Delgada, ao lado do líder social-democrata, Luís Montenegro.
José Manuel Bolieiro disse ainda que não irá "esmagar ninguém", mas sim "governar os Açores" nos próximos quatro anos.
Questionado sobre como se aprovam orçamentos sem maioria no parlamento, respondeu: "Como sempre na democracia europeia e ocidental, desde logo, não se pode colocar as maiorias relativas em crise com coligações negativas na oposição", numa das referências que fez, diretas e indiretas, ao PS e à liderança de Vasco Cordeiro.
"E, se o fizerem, cada um assume a sua responsabilidade. Foi assim que aconteceu com a rejeição do Plano e Orçamento [para 2024]", acrescentou.
Num momento em que já era conhecido que o líder do Chega, André Ventura, tinha assegurado que a única forma de garantir estabilidade governativa para quatro anos nos Açores era fazer um acordo governativo com o seu partido, Bolieiro afastou essa leitura.
"Sou claro, mesmo cristalino. Sempre senti, ao ouvir os resultados eleitorais e com o grau desta vitória eleitoral de, repito - 42%, seis em nove ilhas, 13 concelhos em 19 e 106 freguesias em 155 -, creio que não há margem para dúvidas de que tenho o povo e do meu lado e que esta liderança da governação não pode ceder a chantagens", avisou.
A direita parlamentar conquistou a maioria dos deputados da Assembleia Legislativa dos Açores nas eleições de domingo, com a coligação PSD/CDS-PP/PPM, o Chega e a IL a ocupar 31 dos 57 lugares do parlamento.
A coligação PSD/CDS-PP/PPM garantiu 26 deputados, o Chega cinco e a IL um parlamentar, ou seja, mais dois assentos do que os 29 necessários para assegurar uma maioria absoluta.
Nas eleições de 2020, PSD, CDS-PP e PPM, que então concorreram separados, também conseguiram eleger 26 deputados (PSD 21, CDS-PP três e o PPM dois).
O Chega agora mais do que duplicou o número de deputados, passando de dois para cinco parlamentares, enquanto a IL manteve o lugar que tinha conquistado pela primeira vez em 2020.
À esquerda, o PS conquistou no domingo 23 lugares no parlamento, menos dois que nas últimas regionais, e o BE perdeu um dos dois parlamentares que tinha conseguido eleger em 25 de outubro de 2020.
O PAN voltou a assegurar um assento no parlamento regional.
Estas três forças políticas juntas têm apenas 25 deputados, ficando a quatro da maioria absoluta.
Em novembro, a abstenção do Chega e do PAN e os votos contra de PS, IL e BE levaram ao chumbo do Orçamento dos Açores para este ano e, no mês seguinte, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou a dissolução da Assembleia Legislativa e a marcação de eleições.