O ministro dos Negócios Estrangeiros afasta qualquer possibilidade de renegociação do acordo do Brexit.
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A falar em Bruxelas numa altura em que já se perspectivava o adiamento da votação no Parlamento Britânico, o ministro Augusto Santos Silva garantiu que a União Europeia aguarda a aprovação do acordo do Brexit nas "instituições relevantes". Quanto a uma eventual renegociação, como é a vontade expressa de Theresa May, a porta está fechada.
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PEÇA - [Joao Francisco Guerreiro - Santos Silva - MNE PT - Brexit - Bruxelas]
"As coisas do nosso lado são claras, não há renegociação de um texto que já foi concluído. Nós já fizemos a nossa parte", disse o ministro, em resposta às questões levantadas em Bruxelas pelos correspondentes portugueses, na capital da Bélgica, no final de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros em que o tema "não foi discutido".
Alheios às decisões do governo britânico, o ministro diz que os 27 continuam à espera "que as autoridades britânicas [e] as instituições bitânicas competentes façam a sua parte", afirmou Santos Silva, advertindo que "ninguém faz um acordo [e] ninguém está laboriosamente quase dois anos a negociar linha a linha um acordo jurídico, que tem quase 600 páginas, para no fim desejar que esse acordo não vingue".
"O único cenário para que nós trabalhamos é o cenário do acordo. Foi isso que fizemos. O acordo não pode ser imposto ao Reino Unido. O acordo tem de ser aprovado pelo Reino Unido. Sabemos que o governo o aprova, visto que o negociou. Falta que a Câmara dos Comuns faça o mesmo", vincou o ministro, no final do encontro em que também praticipou o secretário britânico dos Negócios Estrangeiros, Jeremy Hunt.
Hunt foi, aliás, o último a entrar na sala, com um atraso relevante, tendo entrado numa altura em que o acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia, que dá cobertura legal ao travão unilateral ao brexit já era conhecida, tendo considerado que uma tal decisão não só não vem alterar nada em relação ao que está "em cima da mesa", como é até "irrelevante".
"Penso que é irrelevante", considerou o secretário dos Negócios Estrangeiros do governo de Theresa May. "Porque imaginem como os 52% do país que votaram no Brexit se sentiriam se algum governo britânico atrasasse a retirada do Reino Unido da União Europeia no dia 29 de março. Eu acho que as pessoas ficariam chocadas e com muita raiva, e certamente não é a intenção do governo", afirmou.
Nestas declarações à entrada para o conselho de negócios estrangeiros, Jeremy Hunt manifestava-se consciente da dificuldade que seria um pedido para a reabertura das negociações do acordo de retirada.
"A UE tem sido muito clara [dizendo] que não estão dispostos a reabrir o acordo de retirada. Esta é a melhor e última oferta. Eu acho que a PM deixou claro que ela não está totalmente confortável com alguns dos elementos do plano de recurso para a Irlanda, mas no final, este é o acordo em cima da mesa", disse o chefe da diplomacia britânica a falar em Bruxelas já depois de ser conhecida a decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia, tendo considerado "irrelevante" a possibilidade legal do Reino Unido travar unilateralmente o comboio do brexit.
(Notícia atualizada às 17h10)