Durante este sábado tem estado um militante do PSD à porta do Centro de Congressos de Lisboa a entregar a quem lhe estende a mão uma carta aberta a Rui Rio. Este ativista, como se chama, diz que são "sugestões".
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Tem sido uma das figuras deste sábado que salta de boca em boca, mas, insiste, não quer "protagonismo". António, de cabelo branco e sobretudo escuro, está à porta do Centro de Congressos de Lisboa com uma resma de folhas para, pacientemente, entregar uma a quem lhe estende a mão. É uma carta aberta a Rui Rio, que o trata por tu e que revela os ideais de um movimento, o Portugal Laranja.
Quando a TSF se aproximou desde militante de longa data, segundo o próprio e pelo cansaço óbvio do cartão do PSD que levanta com orgulho, um jovem estava lá a tirar umas dúvidas. A simpatia não morou naquele metro quadrado, a pergunta era mais brusca: "Quem é que está na comissão coordenadora?". Ou era insatisfação ou um match, ao estilo Tinder da ideologia política (lá está, gostar é para a direita), sedento de respostas para uma caminhada mais coerente com o seu intelecto. "Olhe, somos alguns. (...) Bom, eu também estou na comissão coordenadora. (...) Caaalma, somos do mesmo partido. Somos do mesmo partido...", desabafou, à terceira ou quarta vez que o jovem que rondava os 20 anos perguntava a mesma coisa. E lá desapareceu entre a tímida multidão, poupando um sorriso, um obrigado, um seja lá o que for.
-- Tem sido bem recebido por aqui?
-- Porque não haveria de ser? Estou aqui para dar sugestões e, se lá para a frente não cumprirem, temos de criticar.
-- Vai ficar aqui o dia todo?
-- É até acabar as folhas...
-- Quantas pessoas tem o movimento?
-- Não sei precisar, temos de Norte a Sul e ilhas, e ainda agora estive aqui com um que vive em Macau...
-- Olhando para estes ideais nesta folha e para o passado do PSD, que líder é que se aproxima?
-- Hmm... Nenhum.
-- Está para vir?
-- Está para vir...
António, que não sabe há quantos anos é militante, deseja um partido diferente, a olhar mais para as pessoas, recusando a ideia de que mais Estado, tal como indica a carta aberta, seja de esquerda. "Queremos o bem comum." Este militante, que fez questão de mostrar o cartão do PSD e o recibo com o pagamento das quotas e que também optou por ficar do lado de fora do congresso, quer os jovens e militantes educados para a atividade política.
A carta aberta (em cima, nas fotografias) começa assim: "Caro companheiro Rui Rio, acabaste de ser eleito presidente da Comissão Política Nacional do PSD numa eleição em que grande parte dos militantes votou num dos candidatos para que o outro não ganhasse, sendo que muitos deles nem isso fizeram. Calhou-te a ti o brinde ou a fava, segundo o ponto de vista".
António é "um ativista" no partido, é assim que se autointitula.