Caixa foi usada como "alavanca para tomar conta do sistema financeiro português"
David Justino defende, na TSF, que se justifica uma nova comissão de inquérito à Caixa se o relatório da auditoria que chegar ao Parlamento tiver dados escondidos.
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David Justino resume o que se passou na Caixa Geral de Depósitos (CGD) como uma "estratégia para utilizar a Caixa como uma alavanca para tomar conta do sistema financeiro português".
É esse o principal problema associado ao banco público, considera o vice-presidente da direção do PSD, e não um caso de favorecimentos pessoais ou "jobs for the boys". Se assim fosse "seria muito mais simples".
Mais do que saber quem é o culpado pela concessão de créditos de risco ao longo de várias administrações da CGD, é preciso "saber como resolver o problema" da promiscuidade entre o poder político e o poder financeiro.
"Quando essa separação não existe, o risco de entrarmos em participações quase de base oligárquica é muito grande", defende David Justino no programa da TSF "Almoços Grátis"
É "um problema de ordem estrutural" e "uma tradição que não nos honra" diz: o Estado é "capturado" por grandes interesses, enquanto os pequenos empresários "não têm acesso aos favores do Estado".
Sem querer tirar conclusões sem factos, David Justino pede que se apurem responsabilidades "doa a quem doer".
E não admite que o relatório da auditoria à gestão da CGD entre 2000 e 2015 chegue ao Parlamento depois de expurgadas as questões de sigilo bancário, como fonte do banco indicou que poderia ser feito.
Se o documento chegar às mãos da Assembleia da República "sem os nomes dos devedores justifica-se de imediato a comissão de inquérito", defende o social-democrata.
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David Justino acusa ainda o Governo de ter "evitado" que a Assembleia da República tivesse acesso ao relatório mais cedo. Ao "não incluir a Assembleia da República entre as entidades que têm de receber o relatório não se está a portar bem".
Com Anselmo Crespo e Nuno Domingues