Carlos César revela que a autarquia de Borba tinha informações para agir e evitar a tragédia, tal como o governo anterior que também recebeu documentação sobre o caso. Por outro lado, Luís Montenegro acredita que é preciso dar uma palavra de tranquilidade à população devido ao sentimento de insegurança.
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A queda da estrada que ligava Borba e Vila Viçosa podia ter sido evitada se a Câmara Municipal ou o Estado tivessem agido atempadamente? A questão mantém-se e, na opinião de Carlos César e Luís Montenegro, no programa Almoços Grátis, podia ter sido feito mais e melhor para que a tragédia não tivesse acontecido.
Carlos César realça que, tendo em conta a informação até agora divulgada, "esta falta de segurança e este risco de colapso foram, de facto, reportados à secretaria de Estado da Energia no final de 2014, ainda no governo anterior, num e-mail que terá sido enviado ao secretário de Estado". No seguimento, "seguiu outra informação que documentava a existência de uma reflexão prolongada sobre esse tema na Câmara Municipal e na Assembleia Municipal".
Deste modo, o presidente do PS conclui que "a Câmara tinha a informação suficiente para tomar medidas precaucionais, desde logo interditar a circulação naquela via", pelo menos até ser considerada segura a estrada.
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Luís Montenegro acredita que tanto o governo como a autarquia "andam mal" neste caso, primeiramente pelo "atirar de responsabilidade" e também "porque, manifestamente, há aqui responsabilidade de natureza local e há responsabilidades de natureza nacional, seja nas tutelas superiores sobre as vias de comunicação, seja sobre os licenciamentos que estão subjacentes à atividade das pedreiras".
"Estou muito preocupado com esta situação, acho que o governo tem estado manifestamente mal e distante de tudo o que tem sido a análise do assunto e a garantia de tranquilidade pública porque estamos num domínio em que as pessoas têm razões para terem um sentimento de insegurança", alerta o social-democrata.
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No mesmo sentido, Montenegro enaltece ainda que "deve ser dada uma palavra de tranquilidade à população porque a repetição de tragédias tem como resultado as dúvidas naturais que as pessoas têm".
Carlos César acredita que Portugal tem "um enorme défice do ponto de vista de uma cultura de segurança, de proteção civil, de regulação, de uma cultura inspetiva", lembrando que é importante haver uma "maior responsabilidade na indução dessa cultura como também investir no Estado".
* com Anselmo Crespo e Nuno Domingues