Presidentes das três câmaras falam numa questão de justiça para com os restantes cidadãos portugueses.
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A Câmara de Vila Real reivindicou esta quarta-feira medidas "equitativas ou equivalentes" ao passe único, com custo reduzido, que foi anunciado pelo Governo para as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto.
"Aguardamos ansiosamente a apresentação das medidas equivalentes ou equitativas para o resto do país, nomeadamente para o interior", afirmou, em comunicado, o município liderado pelo socialista Rui Santos.
A autarquia disse que escolhe "acreditar que a convergência entre territórios de Portugal, e nomeadamente do interior com o litoral, não é apenas um chavão".
Em declarações à TSF, Rui Santos diz "não querer acreditar que o resto do país, nomeadamente o interior, não tenha uma medida equivalente". Lembrando as "mais de 2500 crianças com menos de 12 anos" espalhadas pelo concelho, o presidente da autarquia espera que possam beneficiar "exatamente das mesmas condições" que as das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto.
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Os 120 milhões investidos pelo Governo na medida do passe único, embora bem vistos pela autarquia de Vila Real, abrem uma janela de investimento que Rui Santos quer ver alargada a outros distritos, até porque em princípio "haverá folga" a nível financeiro.
No comunicado, a autarquia destacou o rendimento "genericamente inferior" das famílias que não vivem nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto e, portanto, defendeu que "a preocupação do Governo em aumentar o rendimento das famílias, diminuindo os encargos com transportes, deve ser generalizada a todo o país" e elencou ainda as distâncias, que nas "cidades se medem em tempo, mas que no interior se medem em quilómetros".
"Em Lisboa e no Porto terá que se vencer o trânsito lento, mas em Vila Real, Boticas, Mesão Frio ou Mondim de Basto terão que se vencer dezenas de quilómetros, por exemplo, até ao hospital público mais próximo. Ambas as situações são muito caras", referiu.
Presidente da Câmara de Braga no alargamento a todo o país
Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, acredita que os passes únicos vão ser alargados a todo o país, não se limitando às áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, isto porque "houve um compromisso público".
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À TSF, Ricardo Rio diz esperar que a medida saia do papel, algo que "desde janeiro" não aconteceu. Se tal não se verificar, o autarca de Braga diz que "não perceberia se os próprios deputados dos distritos eventualmente não abrangidos pudessem vir a aprovar um Orçamento de Estado que agrava a quebra da coesão nacional".
Autarca de Faro relembra que em Portugal não podem existir cidadãos de primeira e de segunda
Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal de Faro que "crer" que a medida seja alargada a todo o país, incluindo aos municípios que "não têm capacidade para ter transportes públicos". Se esta medida for aplicada apenas a Lisboa e Porto, o autarca de Faro considera que isso significaria que existem "cidadãos de primeira e outros que nem de segunda são", considerando mesmo que seriam "de terceira ou quarta".
O Governo anunciou a intenção de apoiar financeiramente a criação de uma modalidade de passe único, que permitirá aos utentes de transportes coletivos nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto deslocarem-se nesses territórios, alternando entre vários tipos de transporte, quer de operadores públicos, quer de privados.
Este passe permitirá também que as crianças até aos 12 anos sejam transportadas gratuitamente, que o preço do passe esteja limitado a 30 euros dentro de cada concelho e a 40 euros dentro de cada uma das áreas metropolitanas e ainda que cada família gaste, no máximo, 80 euros em transportes públicos, somando os preços dos vários passes de cada elemento da família.