Luís Montenegro, ex-líder parlamentar, considera que Santana Lopes e Rui Rio não esclareceram os portugueses sobre "princípios programáticos". Quanto ao sentido de voto, para já, não o revela.
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"Foi uma oportunidade perdida para se começarem a afirmar já os princípios programáticos da alternativa política que eles querem corporizar nas próximas eleições" legislativas, afirmou o social-democrata Luís Montenegro, durante a conversa que se seguiu ao debate entre Rui Rio e Santana Lopes.
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Numa conversa com os também social-democratas Pedro Duarte e José Eduardo Martins, o antigo líder parlamentar do PSD considerou que ambos os candidatos reconheceram que foram "mais densos e mais profundos" na apresentação das suas ideias durante o diálogo direto com os militantes do que com o resto do país.
"Não o conseguiram no diálogo direto com os portugueses", salienta, acrescentando: "Ora, era melhor que tivessem acontecido as duas coisas, que tal fosse possível nas reuniões internas, mas também nas intervenções externas, em entrevistas e debates".
Ainda assim, entende Luís Montenegro, apesar de uma oportunidade que "não foi bem aproveitada" - e independentemente de quem vença as eleições diretas dos social-democratas -, o PSD continua a ter condições de "em dois anos, caminhar rumo às eleições legislativas de 2019 para as poder vencer".
Quanto ao sentido de voto nestas eleições diretas, o ex-líder da bancada laranja não abre o jogo, mas garante que em breve anunciará em quem vota para a sucessão a Pedro Passos Coelho: "Eu vou dizer em que vou votar. Não vou é dizer agora", afirma.
Montenegro diz que nenhum dos candidatos soube dar a conhecer o que defende
Prosseguindo as críticas à forma como Pedro Santana Lopes e Rui Rio não conseguiram apresentar aos portugueses as ideias e programas para o futuro do país, Luís Montenegro sublinha: "Nenhum dos candidatos foi capaz sequer de deixar uma linha de reflexão sobre aquilo que defende sobre o funcionamento dos principais sistemas públicos. Não se falou de saúde, de educação, do sistema público de transportes...".
Nesse sentido, o social-democrata lembra, inclusive, uma questão sobre eventuais "reversões das reversões" levadas a cabo pelo atual Governo, para afinar a crítica à falta de ideias dos dois candidatos.
"Gostava de ter ouvido, por exemplo, que aquilo que este Governo do PS - com apoio do BE e PCP - fez ao retirar a possibilidade de misericórdias administrarem unidades hospitalares é um erro; gostava de ouvir que acabar praticamente com contratos de associação e prescindir daquilo que é um contributo do ensino particular e cooperativo é um erro; que a política revertida no âmbito dos transportes públicos foi um erro", justifica Luís Montenegro, que conclui: "Os debates não lograram obter esse nível de esclarecimento".