
Tony Dias / Global Imagens
Cinco dos candidatos às eleições presidenciais falaram hoje sobre a polémica da falta de assistência hospitalar, que tem marcado os últimos dias. Eis as posições de Marcelo Rebelo de Sousa, Maria de Belém, Sampaio da Nóvoa, Marisa Matias e Edgar Silva.
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Durante uma visita às urgências do Hospital de São José, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu um apuramento "rápido, objetivo, imparcial e isento" sobre o que aconteceu no caso do jovem David Duarte, que morreu naquele hospital à espera de uma operação a um aneurisma.
"É importante retirar-se a lição deste e doutros casos. Porque aconteceram, o que significam, o que se deve fazer para não voltarem a suceder no futuro", disse o candidato.
Marcelo Rebelo de Sousa considera que "não há razão para se perder confiança no Serviço Nacional de Saúde" mas entende que há motivos para "exigir mais meios" para o SNS.
"Poupar na saúde dos portugueses não é um bom principio para quem quer afirmar a justiça social e construir um estado democrático mais justo", concluiu o candidato.
Marisa Matias pede investimento
Estas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa foram criticadas pela candidata Marisa Matias que considerou "incompreensível" que Marcelo "apoiasse o governo anterior na mesma altura" em que o executivo PSD-CDS "andava a promover estes cortes na saúde que levaram à morte de tanta gente".
Marisa Matias considera que "a austeridade tem impactos concretos na vida das pessoas" e defende que se realizado "investimento a sério" no Serviço Nacional de Saúde para "impedir que voltem a acontecer" casos como o de David Duarte "e tantos outros que infelizmente não se puderam evitar".
Sampaio da Nóvoa critica anterior governo e Marcelo Rebelo de Sousa
Esta noite, em entrevista à TVI, Sampaio da Nóvoa atribui a "responsabilidade ao anterior governo, sobretudo pela parte do que foram os processos de degradação do Serviço nacional de Saúde". O candidato diz que "foi alertando, ao longo dos últimos anos, para a degradação dos serviços públicos e isso foi feito perante muita gente que se calou".
Sem nunca referir o nome de Marcelo Rebelo de Sousa, Sampaio da Nóvoa acrescentou que entre a gente que se calou "incluem-se candidatos presidenciais, inclui-se muita gente que não se bateu por esse Estado social, justificou as medidas de austeridade, ano após ano, comentário após comentário, nomeadamente aqui com a Judite, dizendo que as coisas eram inevitáveis, que não havia outras soluções e é evidente que na vida todos sabemos que há os culpados diretos e os que são culpados pelo silêncio".
Maria de Belém critica legislação
Em comunicado, Maria de Belém Roseira afirmou estar contra a aplicação da Lei dos Compromissos na área da Saúde, considerando que "coloca as prioridades da tesouraria à frente da defesa do valor da vida humana".
A candidata diz que ainda "não é o momento para comentar a situação trágica ocorrida no Hospital de S. José", afirmando, contudo, que na saúde a contabilidade não se deve colocar acima do objetivo de salvar vidas.
"A saúde é um setor delicado que vive de muitos equilíbrios. Quando se dá prioridade à vertente contabilística, financeira ou de tesouraria, que é meramente instrumental, relativamente ao objetivo principal, é fácil surgirem ruturas que se revelam sempre da maneira mais trágica", afirmou Maria de Belém.
A Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso pelo Estado foi aprovada no início de 2012 pelo PSD e CDS.
É uma lei que pretende controlar a acumulação de dívidas nas administrações públicas, proibindo estas de assumirem compromissos para os quais não tenham uma receita prevista nos 90 dias seguintes, como forma de cortar as hipóteses de estas instituições contraírem dívidas novas sem pagarem as acumuladas.
Edgar Silva diz que SNS é insuficiente
O candidato comunista Edgar Silva também comentou o assunto, durante uma visita a São Pedro da Cova.
"Enquanto nós vemos homens e mulheres que morrem nas urgências, porque não têm resposta médica, o que é preciso são respostas na área da Saúde para responder a um Serviço Nacional de Saúde (SNS) que está a ser insuficiente".
Questionado pelos jornalistas, o candidato argumentou que "os Governos até agora têm cortado nas soluções sociais, têm desresponsabilizado o Estado das suas obrigações na defesa do SNS, que esteja em conformidade com a Constituição da República que define um SNS para todas e para todos e que seja tendencialmente gratuito e efetivamente capaz de responder as necessidades".