Carlos César pede PS em prontidão, afasta responsabilidades no OE e cerra dentes para imitar Montenegro: “Gastem, gastem, gastem”
O presidente do PS, Carlos César, avisa ainda Marcelo que “o PS não serve para aliviar as aflições ocasionais de qualquer dos órgãos de soberania”
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Carlos César é visto por muitos como o principal conselheiro de Pedro Nuno Santos e, na Academia Socialista, dá o mote para a discussão dos próximos meses. O PS “não está obcecado com o Orçamento do Estado”, está disponível para tornar o documento “menos mau”, mas o partido deve estar “em prontidão” em caso de eleições. E a mensagem deve apontar a um Governo “que gasta depressa e em força” a pensar na contabilização dos votos.
O presidente do PS, que ocupa o lugar desde os tempos de António Costa, foi o convidado de honra do primeiro jantar da Academia Socialista, em Tomar. No regresso de férias, todos já pensam no Orçamento do Estado, que poderá levar à queda do Governo. E daí o apelo à “prontidão” para um possível desafio eleitoral.
“É esse o registo que devemos ter, para não temermos e estarmos em prontidão como agora é necessário para qualquer evento súbito na política nacional”, disse.
Não será pelo PS que haverá eleições, nas palavras de Carlos César, mas tem de ser o Governo a abrir a porta. E aí uma mensagem para Marcelo Rebelo de Sousa: “O PS não serve para aliviar as aflições ocasionais de qualquer dos órgãos de soberania.”
O Presidente da República tem apelado ao diálogo e à aprovação do Orçamento, mas Carlos César considera que o Governo está “a gastar depressa e em força” para reduzir a margem negocial com a oposição. Ao seu jeito, gracejou.
"Se estivéssemos nos corredores da residência oficial, em São Bento, o que ouviríamos era o primeiro-ministro de dentes cerrados recitando: 'Gastem, gastem, gastem'", atirou.
E essa é uma “enorme hipocrisia e uma perigosa irresponsabilidade”, acrescenta o socialista, que vê Luís Montenegro apenas a fazer contas ao dinheiro e aos votos que pode recolher, achando que “se houver eleições, o povo já ficou com boa impressão”.
“A direita, realmente, sempre achou que onde o ouro fala tudo cala. Mas devia saber que saco vazia não se aguenta em pé”, avisou, passando a responsabilidade para o primeiro-ministro, garantindo que o PS “não tem pressa” em derrubar Governos.