Grupo parlamentar comunista recebeu, esta sexta-feira, a Comissão de Trabalhadores da Carris e outros representantes. Separados na ideia de modelo de gestão, mas unidos contra eventual privatização.
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Depois de, na semana passada, terem abandonado a reunião com o grupo parlamentar do PCP, os representantes da Comissão de Trabalhadores da Carris e de outros três sindicatos ligados à empresa - Sindicato Nacional dos Motoristas (SNM), Associação Sindical do Pessoal de Tráfego da Carris (ASPTC) e Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Afins (SITRA) - voltaram esta tarde a reunir-se com os comunistas.
No final da reunião ficou claro que, sobre o processo de municipalização, as posições são divergentes - com os trabalhadores a mostrarem-se favoráveis a uma gestão da Carris por parte da Câmara Municipal de Lisboa e o PCP a defender a integração da empresa no setor empresarial do Estado.
Mas, apesar das divergências, também há pontos convergentes, com ambas as partes a sublinharem que, no decreto-lei apresentado pelo Governo, e que entrou em vigor a 1 de fevereiro, seria benéfica a inclusão de cláusulas de salvaguarda de uma gestão pública da empresa.
Com o debate no âmbito do pedido de apreciação parlamentar agendado para dia 24, o PCP ainda trabalha nas propostas de alteração ao decreto. Bruno Dias, deputado comunista, não revela o conteúdo das propostas, mas adianta que, com a gestão da Carris já nas mãos da autarquia, é tempo de preparar o futuro.
"Quem considera, como nós consideramos, que a gestão pública deve ser salvaguardada e garantida, de certeza que não estará em desacordo com uma proposta que venha colocar no decreto-lei a salvaguarda de que a Carris não pode ser alienada para privados", afirmou, no final da reunião, o deputado.
Posição semelhante tem a Comissão de Trabalhadores da Empresa que, mesmo não concordando com uma integração da Carris no setor empresarial do Estado - posição defendida pelo PCP - acompanha os comunistas na intenção de alterar o decreto.
"O que nós queremos é evitar a privatização e a subconcessão", disse Paulo Gonçalves, porta-voz da Comissão de Trabalhadores, que quer limitar a ação de "um Governo ou um executivo municipal que entenda que o futuro deve ser outro". "Nós queremos, assim como o PCP quer, criar cláusulas que permitam que esta situação fique salvaguardada", acrescentou.
O debate sobre a apreciação parlamentar pedida pelo PCP ao decreto está marcado para dia 24 de fevereiro. Até lá - inclusive no próprio dia - o PCP apresenta as propostas de alteração ao decreto que já está em vigor, com os comunistas a acreditarem que as alterações possam vir a ser acolhidas pelos deputados.
"Sendo esta uma questão de vontade política, nós estamos convictos de que é possível", adiantou o deputado do PCP.