Líder parlamentar do PS diz que comissão de inquérito proposta pelo BE não desvia atenções sobre ex-ministro e quer saber se PSD também ficou "revoltado" com outras pessoas "em situações similares".
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Carlos César garante que o caso que envolve Manuel Pinho não vai ficar diluído numa comissão parlamentar de inquérito que se propõe analisar o "pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade" entre 2004 e 2018 e "existência de corrupção de responsáveis administrativos ou titulares de cargos políticos com influência ou poder na definição destas rendas".
"Para nós não é algo suscetível de poder ser esquecido. Pela sua gravidade, se se confirmarem as suspeitas e o que tem sido indiciado, é um caso que temos a obrigação de reter na nossa memória e de providenciar para que, de um ou de outra forma, sejam situações que não se repitam ou que não sejam suscetíveis de existir", disse o líder parlamentar do PS, no final da reunião da bancada socialista.
O caso vai ser analisado numa comissão parlamentar de inquérito proposta pelo BE e que, adianta Carlos César, tem sido acompanhada de perto pelos socialistas, num "processo que em sido informado por conversas sucessivas" entre bloquistas e socialistas.
"Foi acertado com o BE o entendimento sobre o objeto da comissão, para que o trabalho nos permita ter uma leitura do problema da formação dos Custos de Manutenção do Equilíbrio Contratual (CMEC), de como foi tratado desde 2004 até hoje, também sobre a contribuição para o setor energético, de modo a que se introduza transparência na leitura do que se passou até hoje e que se aprenda para o futuro", acrescentou o líder parlamentar do PS.
Sobre este tema, e, em concreto sobre o caso do antigo ministro socialista, têm falado diversos militantes do PS, que têm pedido explicações a Manuel Pinho em relação às ligações do antigo ministro de José Sócrates à EDP e ao Grupo Espírito Santo.
César pergunta onde esteve a revolta do PSD em "situações similares"
Carlos César reforça a ideia de que há diversos socialistas que querem expressar a "tristeza" e revolta "que há dentro do partido, defendendo, inclusive, que o que os portugueses pretendem é "saber se o PS se sente ou não revoltado", mas o presidente do grupo parlamentar socialista assinala que este não é um caso exclusivo do PS.
"Talvez fosse importante perguntar a PSD se com a lista imensa de pessoas que tiveram situações similares, se, por acaso, se se sentiram nessa altura muito revoltados ou se agora, passado todo este tempo, é que exprimem a sua revolta", atirou Carlos César.
No final da reunião da bancada parlamentar do PS, no parlamento, o socialista disse ainda que o Congresso Nacional do PS, que se realiza entre os dias 25 e 27 de maio, na Batalha, deve ser virado para o futuro, mas que não vai servir para ocultar quaisquer problemas.
"Não há, nesta matéria, qualquer sentido de ocultação", vincou, salientando que os militantes do PS não aceitam que "pessoas que têm responsabilidades assumidas em nome do interesse nacional as desempenhem em nome de interesses privados e próprios", disse, lembrando: "Tanto pode acontecer com um antigo primeiro-ministro como com um antigo presidente de junta".