Castro Almeida: "Evidentemente Montenegro não vai participar em nenhuma decisão da concessão do jogo"
Em entrevista à TSF, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial garante que nunca ouviu a tese da cabala da RTP contra o Governo no interior do Executivo e espera a mesma "postura esclarecedora" na comunicação de Luís Montenegro no sábado, como teve há uma semana na Assembleia da República
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O ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, acredita que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, não irá fazer parte de qualquer decisão quando se colocar a questão da concessão do jogo no Governo.
Em entrevista à TSF, o governante garante que é isso que faz "uma pessoa de bem" e que o interesse público tem sempre de prevalecer sobre o interesse privado.
"O que o primeiro-ministro vai ter que fazer e, não tenho dúvida nenhuma que o fará, é quando se colocar a questão da concessão do jogo, evidentemente ele não vai participar em nenhuma decisão dessas. Eu não tenho dúvida nenhuma. Ele está proibido de o fazer por lei e tenho a certeza que ele vai cumprir essa regra. Portanto, é isto que a lei manda fazer e é isto que deve ser feito. Uma pessoa de bem, é isso que faz", disse o ministro.
Castro Almeida afirma que, segundo a lei, "quando tem interesse numa qualquer decisão, não pode participar nessa decisão".
"O interesse público tem que prevalecer sempre sobre qualquer interesse privado e quando haja qualquer conflito de interesses ou possibilidade de conflito de interesses, nessa altura tem que prevalecer sempre o interesse público e não pode o titular do interesse público estar a proteger o interesse privado. É isto que ele diz e é isto tem que ser feito", explica.
Na quinta-feira, o jornal Expresso noticiou que a empresa da família do primeiro-ministro, Luís Montenegro, recebe uma avença mensal de 4500 euros do grupo de casinos Solverde, desde julho de 2021, por "serviços especializados no domínio da proteção de dados pessoais". A informação foi confirmada já esta sexta-feira, num comunicado da Spinumviva, onde a empresa detalhou os clientes que tem.
Nesse sentido, Castro Almeida considera que é um caso que afeta diretamente o primeiro-ministro e espera a mesma "postura esclarecedora" na comunicação de sábado, como teve há uma semana na Assembleia da República.
"Este caso é um caso que está muito centrado na pessoa do primeiro-ministro e, quando é assim, é o primeiro-ministro que gere a situação e ele foi muito esclarecedor na intervenção que teve na Assembleia da República. A postura com que ele se apresentou foi de uma grande transparência, uma grande vontade de esclarecer, foi a postura de quem não tem nada para esconder e, portanto, é essa a postura que eu conto que vá acontecer amanhã", prevê.
O ministro acredita que depois de acontecer, é fácil criticar a atuação de Montenegro: "Eu faço notar que falar depois do jogo terminado é sempre mais fácil. Faço notar que o primeiro-ministro teve nessa altura uma visita oficial ao Brasil e teve uma intervenção também no Conselho da União Europeia por essa altura. Portanto, teve compromissos internacionais que lhe dificultaram as condições para ele poder intervir mais cedo. Acho que o país percebeu que se ele estivesse em território nacional teria falar de mais cedo e falou mais tarde por causa dos compromissos internacionais que teve."
Manuel Castro Almeida critica a "extrema-esquerda", porque acreditam que "ser político é incompatível com ter vida privada anterior", mas refuta o argumento, já que é por isso que os políticos declaram "o património que têm, quais são os interesses que têm, quais são os potenciais conflitos com a ação governativa".
Cabala da RTP contra o Governo? "Nunca ouvi essa versão"
Na entrevista à TSF, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial garante nunca ter ouvido, no seio do Governo, a tese de que a RTP tem um complô para prejudicar o Executivo.
"Nunca ouvi essa versão no interior do Governo. Eu nunca ouvi. E, portanto, vi, aliás, depois, até achei um bocadinho estranho, vi que a direção de uma televisão veio comentar declarações não sei de quem, porque eu nunca ouvi declarações de membros do Governo nesse sentido", garante.
Questionado sobre se essa é uma forma de vitimização ou dramatização do Governo, Castro Almeida nega reiteradamente: "Não, não, não, não, não, não, garanto-lhe que nunca ouvi."