A porta-voz do Bloco de Esquerda disse hoje, em Famalicão, que se trata de um problema "urgente e grave" e aconselhou a tomada de "decisões em nome do interesse público".
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"Onde há dinheiro público tem de haver controlo público. Onde há controlo público tem de haver gestão pública em nome do interesse público", declarou Catarina Martins, na biblioteca de Vila Nova de Famalicão, distrito de Braga, apontando que "Portugal só terá sistema financeiro se assumir o controlo público daquilo que já pagou", sendo "o melhor exemplo" disso o Novo Banco.
Catarina Martins referiu que Portugal está "a pagar sucessivamente bancos para os entregar a mãos estrangeiras" e "até o Presidente da República" já alertou que "é preciso cuidado porque se pode ficar sem centros de decisão".
"Precisamos de pensar muito bem em Portugal sobre não termos controlo de setores estratégicos. Foi um tremendo erro privatizarmos as empresas que hoje precisamos para relançar a economia e criar emprego", considerou.
Catarina Martins também falou das dotações que o Orçamento do Estado prevê para a Grécia e para a Turquia, vincando que em causa estão "assuntos diferentes".
"No caso da Grécia, estamos a falar de devolver os juros que os bancos centrais fizeram à conta da dívida grega. Os Estados fizeram dinheiros com a crise de outro Estado e nós achamos normal que se devolva esse dinheiro. Como também achamos que quem ganhou com a crise portuguesa tem de devolver o dinheiro a Portugal", disse.
A porta-voz do BE avançou que não deve ser a União Europeia a decidir se o dinheiro é entregue à Grécia se este país aplicar medidas de austeridade.
Relativamente à Turquia, Catarina Martins referiu que está em causa um "acordo gravíssimo", porque é feito para que a Turquia "não deixe os refugiados passarem para a Europa".
Isto depois de fazer uma análise ao Orçamento do Estado e às medidas que estão a ser tomadas com o novo Governo socialista, que é suportado no parlamento pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, falando, por exemplo, em "reposição de injustiças que a Direita estava a praticar".
Admitindo que este OE "não acaba com a austeridade", Catarina Martins destacou que é um documento "sem privatizações" e que "pára com o empobrecimento".
Na biblioteca de Vila Nova de Famalicão, Catarina Martins também criticou o facto do investimento público ser "quase inexistente em Portugal".
"Temos os fundos europeus e pouco mais", disse.
E ainda sobre o OE para 2016, referiu que este "confrontou Portugal com os limites sobre a soberania", criticando uma "União Europeia tem um problema gravíssimo de legitimidade democrática".