No parlamento, o PS disse que o Governo tem tido "resultados visíveis" na promoção da inovação e do crescimento económico. PSD pede "mais" e acusa Executivo de fazer "pouco ou quase nada".
Corpo do artigo
Num debate agendado pelo PS para falar sobretudo do investimento na inovação e na ciência, o socialista Carlos Pereira começou por deixar elogios ao Governo de António Costa, destacando os números do crescimento económico, mas também as "várias iniciativas" - como o programa Interface - que, diz o PS, têm levado a "resultados já muito visíveis". Mas, da bancada do PSD, o antigo secretário de Estado, Luís Campos Ferreira, pediu mais ao Executivo Socialista.
"O PSD fica muito satisfeito com os resultados, mas quer mais, e não é por birra ou capricho", disse, defendendo que o estado em que o Governo social-democrata deixou o país e a economia foi "incomparavelmente melhor" quando comparado com o legado deixado pelo Governo liderado por José Sócrates. "Partindo dessa casa de partida, aquilo que os senhores fizeram foi muito pouco ou quase nada", disse.
Na resposta ao PSD, o socialista João Paulo Correia acusou o partido liderado por Rui Rio de aparecer no debate "de mãos vazias" e sugeriu aos social-democratas que apresentem propostas: "Apesar do tema ser inovação e de o discurso do PSD nada ter inovado, quando vão surgir as propostas e ideias que o PSD tem anunciado, mas que tardam em chegar", questionou o socialista.
Nas bancadas mais à esquerda, o BE, por Heitor de Sousa, chamou à atenção para as "desigualdades económicas" que existem no país e que fazem de Portugal um "país dividido", enquanto o PCP, pela deputada Ana Mesquita, alertou para a precariedade que ainda existe entre os investigadores e os trabalhadores da área da ciência, considerando que o "combate à precariedade tem de ser intransigente".
Mas, o momento de maior tensão seria protagonizado por Pedro Mota Soares, do CDS-PP, que defendeu que o discurso do PS segue a linha de um antigo primeiro-ministro socialista: José Sócrates. "O discurso é mimético, é de gémeo siamês, é 'Dupond e Dupont com o que José Sócrates fez ontem [quarta-feira], na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra", atirou o deputado centrista, que acrescentou: "Nós percebemos que para o PS o novo ciclo é exatamente aquele que foi apontado por Sócrates, que nós nos lembramos muito bem onde nos levou, à bancarrota".
Durante uma intervenção muito aplaudida pelas bancadas mais à direita, Mota Soares, ex-ministro do Governo de Pedro Passos Coelho, fez ainda - num tom irónico - referência a um "modelo de crescimento económico da Sócrates Business School".
Na bancada do PS, a referência não foi esquecida e, largos minutos depois, João Galamba, deputado e porta-voz socialista, respondeu ao deputado do CDS-PP chamando ao debate outra figura: o comissário europeu Carlos Moedas.
"Se está tão preocupado que o discurso da inovação seja igual ao de José Sócrates, o melhor é enviar um email ao ex-secretário de Estado adjunto do vosso Governo e atual comissário europeu [Carlos Moedas] nomeado pelo vosso Governo para mudar o seu discurso", disse, adiantando - também em tom irónico - que "o melhor é proibir toda a gente de falar destes temas", referindo-se às matérias da "inovação, produtividade e investimento em inovação", que, segundo João Galamba, são recorrentes no discurso de Carlos Moedas.
Do debate ficou ainda a insistência dos socialistas na ideia de que o caminho para a produtividade "não é baseado nos baixos salários", mas no "conhecimento" e na "inovação".