Cecília Meireles avisa Montenegro que "não é possível governar se não se tentar encontrar pontes"
Os centristas apontam a geringonça como uma das causas para a atual crispação do Parlamento
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A antiga deputada do CDS-PP Cecília Meireles avisa que governar com responsabilidade é sinonimo de encontrar pontes com a oposição. A participar nas jornadas parlamentares do partido, Cecília Meireles deixou o recado a Luís Montenegro, que está longe da maioria absoluta.
"Não é possível governar e, sobretudo, não é possível os países serem governados com responsabilidade, com estabilidade e com qualquer tipo de estratégia, se não se tentar encontrar pontes. Senão, nós entramos em disrupção atrás da disrupção completamente absoluta", disse a antiga deputada.
A AD governa com um Parlamento crispado e outro antigo deputado centrista aponta uma das causas.
"A dita geringonça não fez nada bem à democracia. Acho que radicalizou aquilo que não era radicalizado. Havia, de facto, uma cultura - e não me parece que isso fosse mau - de compromisso e de consenso entre os chamados partidos do arco de governabilidade. Também não vejo que isso fosse um defeito", considera o ex-líder parlamentar Nuno Magalhães.
Afirmação corroborada por Cecília Meireles: "Passou a haver uma visão, do meu ponto de vista, muito oportunista da proposta parlamentar. A política não é a arte de dar tudo a todos. A política é a arte de encontrar as soluções mais justas e mais equilibradas para compatibilizar os interesses de todos."
Já o antigo governante Pedro Mota Soares apela à identidade do partido.
"Nós não somos um partido de protesto. Quanto temos de protestar, certamente que fazemos. Mas se protestamos, apresentamos a nossa alternativa", afirma, referindo-se ao Chega.
Por sua vez, o antigo presidente centrista José Ribeiro e Castro puxa a fita atrás para falar do maior contributo do CDS-PP para a democracia: o voto contra a Constituição em 1976.
"Se o CDS tivesse votado a favor da Constituição, com a qual boa parte não concordava, teria sido uma espécie de terceiro pacto MFA partido. Todos pela arreata votarem a favor, porque era proibido ser diferente", recordou.
Assim, os centristas pedem uma cultura de compromisso para que a atual legislatura chegue ao fim.