PS e esquerda chumbam pedidos para que fosse distribuída a troca de comunicações entre Governo e António Domingues. PS diz que "não fazem parte do âmbito". CDS fala em "ficção de democracia".
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A votação decisiva acontece amanhã, na Comissão de Inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas, esta tarde, na reunião de coordenadores, à porta fechada, ficou indiciado o chumbo ao acesso dos deputados a comunicações, e-mails e SMS trocados entre o ministro das Finanças e António Domingues, o antigo presidente da CGD.
Depois da reunião de coordenadores, o presidente da comissão, José Matos Correia transmitiu aos jornalistas que "foi entendido maioritariamente que esses documentos não faziam parte do objeto da comissão pelo que não podiam ser distribuídos aos deputados".
Ao dizer que "não foram certamente os partidos" que pediram as comunicações, que chumbaram os pedidos, Matos Correia atribui ao PS, BE e PCP a intenção de chumbar os requerimentos.
O CDS remete para mais tarde, uma "reação mais ponderada" de acordo com aquilo que considera ser de "gravidade extrema", mas João Almeida, porta-voz do partido e membro da comissão de inquérito deixa, desde já, críticas à nova maioria.
"O que nos querem impor é uma ficção de democracia, uma ficção de comissão de inquérito, em que formalmente continua tudo a funcionar mas na prática não podemos perguntar nada. E se, por acaso, por distração conseguirmos perguntar algo, as respostas encaminhadas não podem ser conhecidas nem usadas pela comissão", acusou João Almeida.
Pelo PS, João Paulo Correia, responde que as comunicações "não fazem claramente parte do objeto da comissão de inquérito", que passa por avaliar a gestão da Caixa até 2015 e entender o porquê da necessidade atual de uma nova recapitalização.
O socialista mantém que "em momento algum" o ministro das Finanças se compromete com Domingues "quanto à dispensa da entrega da declaração de rendimento e património junto do Tribunal Constitucional".
O CDS recorda que, na semana passada, o deputado do PS tinha garantido que quando se quebrasse a "confidencialidade de forma legal da documentação enviada à comissão de inquérito" ficaria claro que acusações do CDS-PP, em concreto, a Mário Centeno não passariam de "uma montanha que pariu um rato".
"Vejam lá o tamanho do rato, que é tão grande que não se pode mostrar", ironiza João Almeida.
O CDS promete ponderar "o seu papel na comissão de inquérito" e "todos os mecanismos" que pode utilizar para enfrentar esta posição do PS e dos partidos da esquerda.
PSD, PCP e BE optaram por não se pronunciar, por agora.