Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, acusa Governo de radicalização nas negociações com enfermeiros. Vieira da Silva, ministro do Trabalho, reconhece que "ninguém fica satisfeito" com requisição civil.
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Depois de o Governo ter decretado a requisição civil para travar a greve que foi convocada por sindicatos dos enfermeiros nos blocos operatórios, o secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, criticou, esta sexta-feira, após uma reunião com o Governo, o recurso a esta ferramenta utilizada pelo Executivo face a um alegado incumprimento dos serviços mínimos por parte dos profissionais.
"Não é com requisição civil que se resolvem os problemas, pelo contrário, radicaliza-os", afirmou Arménio Carlos, em declarações na residência oficial do primeiro-ministro, após uma audiência em São Bento, em que marcaram presença o líder do Governo, António Costa, e o ministro do Trabalho, Vieira da Silva.
Segundo a CGTP, para evitar o extremar de posições, a solução deve passar por "negociações" entre o Governo e os sindicatos.
Já o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, defendeu que a opção pela requisição civil foi tomada tendo em conta o "interesse nacional" e face ao incumprimento dos serviços mínimos por parte dos enfermeiros.
"Ninguém fica satisfeito com a utilização da requisição civil por incumprimento de serviços mínimos", disse o ministro, que sublinha que, com esta medida, o Governo "sai em defesa daqueles que estão em situação de fragilidade" e que "estavam a ver os seus direitos fortemente postos em causa".
Esta posição do Executivo liderado por António Costa surge também na sequência das críticas feitas pelos primeiro-ministro a alguns sindicatos, com António Costa a acusar algumas estruturas sindicais de "irresponsabilidade".
A requisição civil abrange quatro centros hospitalares onde alegadamente não foram cumpridos os serviços mínimos: Centro Hospitalar e Universitário de S. João; Centro Hospitalar e Universitário do Porto; Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga; e Centro Hospitalar de Tondela-Viseu.
A atual greve convocada pelos enfermiros nos blocos cirúrgicos abrange um total de dez hospitais.