Chega acusado de bullying e apartes que "ultrapassam a urbanidade" no Parlamento
Durante o debate sobre inclusão no Ensino Superior, uma deputada do Chega lamentou que Ana Sofia Antunes, deputada invisual do PS, só intervenha quando se debatem temas sobre pessoas com deficiência. Perante os protestos, ouviram-se, do Chega, apartes considerados “bullying” pelas outras bancadas
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O debate era sobre o acesso de estudantes com necessidades educativas específicas no Ensino Superior, mas acabou por ficar marcado por aquilo que foi dito de microfone aberto e pelos apartes de microfone fechado por parte da bancada do Chega.
Depois da intervenção da antiga secretária de Estado da Inclusão de Pessoas com Deficiência - atual deputada do PS que é cega -, Diva Ribeiro, do Chega, considerou “curioso que a sra. deputada Ana Antunes só consiga intervir em assuntos que envolvem infelizmente a deficiência".
A tirada mereceu protestos de várias bancadas e a respetiva resposta de vários deputados do Chega, com microfone fechado.
Pelo meio da troca de apartes, Rodrigo Saraiva que presidia aos trabalhos defendeu que “todos os deputados devem fazer um esforço para dignificar os trabalhos parlamentares a todo o momento”, avisando que todos devem “ter cuidado” com as expressões utilizadas.
Na defesa da honra da bancada do PS, a vice-presidente Marina Gonçalves acusou o Chega de “desrespeitar aquilo que é um trabalho sério que os grupos parlamentares fazem por igual".
“Porque, aqui, nesta bancada, somos todos iguais e falamos por igual sobre qualquer tema”, sublinhou a deputada socialista, em resposta ao Chega.
Adiante no debate, Joana Mortágua, do BE, denunciou “ofensas por parte da bancada parlamentar do Chega” que considerou atos de bullying dirigidos a Ana Sofia Antunes quando os microfones estavam desligados.
“Espero que fique registado o bullying relativamente a uma pessoa com deficiência e as ofensas que foram feitas por parte da bancada do Chega. No momento em que estamos a discutir projetos sobre apoio a pessoas com deficiência, a única bandeira que aquela bancada tem a erguer é a bandeira da vergonha”, acusou a deputada bloquista.
Em apoio das palavras de Joana Mortágua, o líder parlamentar do PSD Hugo Soares considerou inaceitáveis os comentários que ouviu da bancada do Chega.
“Muito mais do que aquilo que se continua a dizer - que eu acho que é de mais, que é pouco urbano e pouco dignifica - com um microfone aberto, aquilo que está a acontecer nos apartes regimentais ultrapassa o bom senso, a educação, a urbanidade e a dignidade que a Câmara exige e que o país merece”, denunciou Hugo Soares, merecendo aplausos das várias bancadas, com a exceção do Chega.