"Cidadania ensina masturbação" e "socialista bom é socialista morto": João Costa ameaçado de morte critica banalização do ódio
Em declarações à TSF, o antigo ministro da Educação aponta o dedo aos políticos que "legitimam" a prática de crimes através de discursos de ódio ou da inação. E deixa um alerta: votar é também escolher criminalidade ou não
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O antigo ministro da Educação João Costa decidiu apresentar queixa na Polícia Judiciária após ter sido alvo de uma ameaça de morte "bastante explícita". Quis também expor publicamente o caso até porque "a impunidade tem limites", justifica à TSF.
Em causa está um e-mail com várias intimidações, entre elas a frase "socialista bom é socialista morto". Naquela mensagem com informações falsas é referido que na disciplina de Cidadania os alunos são ensinados a masturbar-se. João Costa culpa a extrema-direita e os agentes políticos que "legitimam" os "discursos de ódio" pelo "disparate crescente" que são atos de violência como este e, por exemplo, a criação de uma lista de "terroristas" LGBTQIA+.
No Expresso, onde escreve esta segunda-feira um texto de opinião, dá mais exemplos de como determinadas ações (ou a falta delas) validam o crescimento destas agressões: "Quando o Presidente da Assembleia da República respondeu o seu famoso 'pode' a Alexandra Leitão, viabilizando o desrespeito por etnias em nome de uma confusão entre liberdade de expressão e crime, legitimou. (...) Quando o próprio Luís Montenegro considera que uma escola que combate o bullying homofóbico está presa por 'amarras ideológicas', e segue a recomendação do seu partido para eliminar do acesso aos adultos sugestões de trabalho para a promoção do respeito pela diferença, legitima."
Salvaguarda, no mesmo artigo, que estes políticos "não têm a mesma responsabilidade de um Chega ou de um Ergue-te, mas tinham o dever moral e político de se distanciar, de repudiar, de agir sem moralismos bacocos ou piscadelas de olho a esta infame extrema-direita".
Numa altura em que falta pouco mais de um mês para as eleições legislativas, o antigo governante diz, na TSF, ser pertinente que os portugueses saibam que "esta indecência" também vai a votos. Durante a ida às urnas, "é bom que os cidadãos estejam conscientes se estão a legitimar criminalidade".
João Costa aponta ainda que a Justiça "tem responsabilidades no controlo deste tipo de comportamentos que não são aceitáveis" e deveria fazer mais para proteger as vítimas e punir os autores de ameaças.

